segunda-feira, 28 de dezembro de 2015

Sincretismo

Mix sincrético ao gosto do freguês

Posted by Jonas Ayres in HERESIAS | IGREJA
sincretico
Por Jonas Ayres
Fiquei profundamente incomodado ao assistir o vídeo do programa O Infiltrado sobre magia e o sincretismo religioso brasileiro. Ficou patente o enorme abismo que existe entre a Religião Oficial (ideal) e a Religiosidade Popular (real) praticada em solo brasileiro (clique aqui e assista).
O programa nos apresentou a “saga espiritual” do repórter Fred Melo Paiva, em uma busca frenética para dar solução a um suposto e particular problema financeiro. Desde Mãe Rita, mãe de santo famosa no Rio de Janeiro, passando por terreiros de candomblé, Igreja Católica fundada por negros escravos, Igreja Católica Central de São Jorge e até rituais europeus de magia Wicca, sempre acompanhado do Wilson (um boneco do exu-caveira), nos mostrou a dura e triste realidade em que se encontra a grande maioria dos brasileiros em sua forma de espiritualidade.
Espiritualidade esta que ficou testificada na vida do sacristão da Igreja Católica dos Negros, onde o mesmo não só praticava a magia como incentiva o repórter a assim proceder, dizendo ser absolutamente coadunáveis em sua cosmovisão, a prática do Catolicismo e também do Candomblé ao mesmo tempo.
Esta cosmovisão do sacristão é a que vivem a grande maioria do nosso povo, não somente Católico, mas também evangélico nos dias atuais. Uma fé pautada na superstição e crendice popular, misturada ao catolicismo e religiões africanas e afro-brasileiras, como também animismo indígena, e isso tudo misturado e batido no grande liquidificador da religião brasileira, formam um coquetel religioso gostoso para muitos, mas intragável para aqueles que têm compromisso com as Escrituras Sagradas, a Bíblia.
Nos deixa de cabelos em pé a dura realidade de que a maioria da sociedade brasileira que se denomina cristã beba também a grandes goles deste coquetel religioso e mágico semanalmente.
Aproveitando-se desta religiosidade popular brasileira, vemos igrejas intituladas de evangélicas no nome, mas mágicas na prática, servindo em seus cardápios também, deste coquetel magico. Penso que este seja o “sucesso” destas ditas igrejas neopentecostais, tais como Igreja Universal do Reino de Deus – fundador Edir Macedo, Igreja Internacional da Graça de Deus – fundador R.R. Soares (parente de Macedo), Igreja Mundial do Poder de Deus – fundador Valdemiro Santiago (discípulo de Macedo), e mais recentemente Igreja Apostólica Plenitude do Trono de Deus – fundador Agenor Duque (Também discípulo de Edir Macedo, segundo ele próprio).
Todos estes, e outros mais, aproveitando-se desta realidade religiosa que vive nosso país, estão construindo verdadeiros impérios religiosos, cada um oferecendo um suposto coquetel mágico mais completo e poderoso que o outro, que só faz aumentar, acentuar, e viciar de forma inebriante o povo deste país.
Estes líderes se apresentam como especialistas em batalhas espirituais agindo como magos modernos possuidores de unções que controlam “deuses e demônios” para dar a tão sonhada vitória sobre o sofrimento de qualquer espécie e monta a seus seguidores.
Vejo que os pastores sérios desta nação tem um trabalho hercúleo pela frente, onde somente com o auxilio do verdadeiro e soberano Deus e de Seu Espírito Santo poderão, se não reverter, pelo menos, combater e minimizar os efeitos da religiosidade popular brasileira, e isto em longo prazo.
Penso que providencias devam ser tomadas com urgência, tais como:
Primeiro: A criação de mecanismos que protejam a liderança da igreja de se tornarem em imperadores que fazem da igreja do Senhor seus impérios pessoais, e evitando também uma Dinastia Eclesial, como foi o caso de Gideão que ao invés de gritar “pelo SENHOR Deus” tão somente, acrescenta em seu grito de guerra, por GIDEÃO também, revelando neste gesto o desejo de seu coração, ou seja, ser o cara que manda. Em minha humilde opinião o pastor não deve decidir sozinho sobre tudo na igreja local, parece que o sistema de Atos 15:23 “…pareceu bem a NÓS…” (compartilhamento de liderança – concílio de liderança) seja mais profícuo e democrático. O que definitivamente não ocorre nos arraiais neopentecostais e afins.
Segundo: Somente permitir integrar a liderança da igreja, em especial pastores e bispos, pessoas escolhidas com base em seu caráter cristão e não em seu carisma (dons). Porque está mais do que comprovado que o dinheiro muda a todos. Todos.
Terceiro: Enfatizar o ensino de uma cosmovisão equilibrada e bíblica sobre batalha espiritual, fazendo a igreja sair do conceito moderno, iluminista, dualista, onde lidamos com Deus e o diabo em pé de igualdade em poder. A igreja precisa saber definitivamente que só existe um Criador e o resto são seres criados, inclusive satanás e seus anjos caídos. Sendo assim, devemos aplicar melhor o conceito de Soberania divina, que Deus não apenas esta no controle, como Ele nunca o perdeu. Como bem nos disse Lutero, até mesmo o diabo, é o diabo de Deus!
Quarto: Como pastores, precisamos ensinar que nossa maior arma é a dependência absoluta aos desígnios deste Deus que é soberano, e que assim como Jesus Cristo viveu nesta dependência, nós também deveríamos viver. Do contrário, nunca descansaremos desta “roda viva” religiosa, vivendo como um hamster, correndo sempre atrás da promessa de algum queijo gostoso pendurado tão perto, porém jamais alcançável. Assim podemos romper definitivamente com este sistema religioso mágico, libertando este povo sofrido desta condição miserável de superstição religiosa. Porque se tem alguém vendendo coquetel mágico é porque tem gente querendo comprar, e quanto maior o sofrimento de um povo, maior o consumo deste tipo de bebida.
Encerro pedindo que Deus nos ajude nesta difícil, mas possível tarefa de desconstrução da religiosidade popular brasileira, para uma reconstrução de uma cosmovisão bíblica centrada no Evangelho e na busca não apenas da salvação da alma no por vir, mas em restaurar o “Shalom de Deus” para a humanidade, seu projeto original.
Que Ele nos conceda graça para isso.

Via Napeca Apologética Cristã

Credo Apóstolico

Creio em Deus Pai Todo Poderoso
Por Denis Monteiro
Credo Apostólico, segundo alguns estudiosos, é um dos documentos mais antigos que temos na história da igreja – datado do 2º século, e é de onde tiramos a frase que intitula este artigo.
Eu pretendo, de forma breve, analisar algumas doutrinas implícitas em cada parte que compõe o documento. O Credo pode ser dividido em três partes, que mostram uma confissão clara na doutrina da Trindade: Creio em Deus, Creio em Jesus e Creio no Espírito.
Na primeira parte o Credo resume de forma simples e profunda quem é Deus.
– Deus é Pai
– Deus é Todo Poderoso
– Deus é criador do céu e da terra
1. Deus é Pai
Algumas pessoas influenciadas por teologias fracas, direta ou indiretamente, creem que Deus é Pai de todos (um tipo de Odim). A Bíblia mostra que Adão foi criado à imagem de Deus, logo toda a humanidade possui a imagem de Deus (Tg 3.9). Com a queda de nossos primeiros pais, toda a humanidade perdeu a comunhão com Deus, sendo Deus o nosso inimigo número um. Os textos abaixo mostram que, antes de sermos adotados, não éramos filhos de Deus:
“Em que noutro tempo andastes segundo o curso deste mundo, segundo o príncipe das potestades do ar, do espírito que agora opera nos filhos da desobediência.” Ef 2.2 (ênfase acrescentada)
“… éramos por natureza filhos da ira, como os outros também.” Ef 2.3c (ênfase acrescentada)
“Vós tendes por pai ao diabo, e quereis satisfazer os desejos de vosso pai.” Jo 8.44a (ênfase acrescentada)
Essas três passagens do Novo Testamento mostram enfaticamente de que todos quantos vivem debaixo do pecado não são filhos de Deus. Jesus em João 8.42 diz, “se estes que são filhos do Diabo, fossem filhos de Deus eles amariam a Cristo. Uma das provas que podemos ver se alguém é filho de Deus, é ver se esta pessoa vive a cada dia amando a Cristo. Amando não da boca para fora, mas sabendo quem Ele era e é, e o que Ele fez na cruz em favor de muitos. Uma vida de amor por Cristo, é uma vida de submissão, assim como a mulher é submissa ao seu marido.
Como o pecador pode se tornar filho de Deus?
Somente pela adoção. A adoção, segundo J.I Packer, é transformar o seu povo em seus filhos.[1] A adoção é o coroamento da justificação (o ato pelo qual Deus, o Juiz do Mundo, nos aceita). Por intermédio da morte de Cristo fomos resgatados para que recebêssemos a adoção de filhos (Gl 4.4,5). O termo adoção, descrito por Paulo em Gálatas 4, mostra claramente que nós não éramos filhos de Deus.
Aqueles que são adotados são os mesmos que são nascidos da vontade de Deus (Nasceram de novo – Regeneração), Mas, a todos quantos o receberam, deu-lhes o poder de serem feitos filhos de Deus, a saber, aos que crêem no seu nome; os quais não nasceram do sangue, nem da vontade da carne, nem da vontade do homem, mas de Deus.” (João 1.12-13). E assim, somos herdeiros de Deus e co-herdeiros com Cristo (Rm 8.17).
As evidências da nossa filiação
Guiados pelo Espírito – “Pois todos os que são guiados pelo Espírito de Deus são filhos de Deus.” (Rm 8.14).
Ser guiado pelo Espírito de Deus, neste caso, não quer dizer que Deus me levou a aceitar aquele emprego, ou aquele ou aquela namorada. Quando o Espírito nos guia, o caminho pelo qual Ele nos conduz é o caminho da justiça para a santificação. Ele inclina o nosso coração a servir a Deus, a ter fome e sede para obedecer a Cristo.
R.C. Sproul diz:
“Não é uma questão de biologia, mas de obediência. Somos filhos daquele a quem obedecemos e, se obedecemos à concupiscência da carne, se obedecemos às tendências de Satanás, então somos filhos do diabo, não de Abraão ou de Deus. É por isso que Paulo diz que aqueles cujas vidas são dirigidas pelo Espirito de Deus são filhos de Deus, eles seguem e obedecem àquele que os leva ao caminho de Deus.” [2]
Testemunho interno do Espírito – “O próprio Espírito testifica com o nosso espírito que somos filhos de Deus.” (Rm 8.16)
O meio pelo qual o Espírito testifica que somos filhos de Deus não é de modo místico ou algo sussurrado em nossos ouvidos: “Calma, você é um dos nossos”. O meio pelo qual o Espírito testifica é com, e através, da Palavra de Deus. Se quisermos ser guiados pelo Espírito de Deus, mergulhemos na Palavra dEle. Ela é a lâmpada para nossos pés e a luz do nosso caminho (Sl 119.105).
Fruto do Espírito – “Nisto são manifestos os filhos de Deus e os filhos do diabo: todo aquele que não pratica justiça não procede de Deus, nem aquele que não ama a seu irmão.” (1 Jo 3.10)
Paulo exorta em Gálatas 5.25 de que devemos andar no Espírito, e versos antes mostra que o Espírito produz fruto. Logo, a nossa vida, constantemente, deve ter como amostra de que andamos no Espírito e somos filhos de Deus, o fruto descrito em Gálatas 5.22,23.
Obediência – “Porque qualquer que fizer a vontade de meu Pai celeste, esse é meu irmão, irmã e mãe.” (Mt 12.50)
Aqueles que obedecem a Deus, estes, segundo Jesus Cristo, fazem parte da família de Cristo. Porque no último dia muitos dirão que “profetizaram, expulsaram demônios e que fizeram várias maravilhas”. E Cristo lhes dirá abertamente “nunca vos conheci, apartem-vos de mim, os que praticais a iniqüidade.” (Mt 7.22,23). A vontade de Deus está revelada em Sua própria Palavra, obedeçamos.
Comunhão integral – “o que temos visto e ouvido anunciaram também a vós outros, para que vós, igualmente, mantenhais comunhão conosco. Ora, a nossa comunhão é com o Pai e com seu Filho, Jesus Cristo”. (1 Jo 1.3)
Se somos filhos de Deus então somos irmãos de Cristo, o nosso Senhor. Logo, todos quantos foram comprados por Cristo são nossos irmãos. Portanto, temos que desenvolver essa comunhão com Deus e Cristo em nossa união fraterna como igreja, corpo de Cristo. Pois não há sentido de que um membro viva fora do seu corpo, que é Cristo.
São disciplinados por Deus – “porque o Senhor corrige a quem ama e açoita a todo filho a quem recebe”. (Hb 12.6)
Os filhos de Deus, quando pecam, são disciplinados por Deus para que abandonem os seus pecados e se arrependam, para que se tornem participantes de sua santidade (Hb 12.10). Todas as vezes que Deus nos corrige, não nos corrige porque Ele é sádico ou vingativo, mas porque Ele quer que sejamos recuperados. O fato de Deus nos corrigir mostra o quanto Ele nos ama, pois se não nos amasse Ele não corrigiria os nossos pecados, mas nos lançaria no inferno após pecarmos contra Ele.
Que o nosso entendimento da disciplina de Deus seja como a do salmista: “Foi-me bom ter eu passado pela aflição, para que aprendesse os teus decretos” (Sl 119.71).
E assim podemos entender o que diz a pergunta 33 do Catecismo de Heidelberg:
“Por que é Ele chamado Filho UNIGÊNITO DE DEUS, se nós também somos filhos de Deus?”
Resposta: “Porque só Cristo é o Filho eterno de Deus, ao passo que nós, por sua causa, e pela graça, somos recebidos como filhos de Deus”.
2. Deus é Todo Poderoso
Ao invés de tratar do título “Todo Poderoso”, tentarei tratar de um tema muito complicado: o problema do mal.
Sei que é difícil tratar deste tema, mas creio que vale algumas reflexões sobre o assunto.
O famoso dilema se mostra assim:
1. Se Deus é onipotente, ele pode impedir o mal.
2. Se Deus é bom, ele quer impedir o mal.
3. Mas o mal existe.
Conclusão: Ou Deus não é onipotente, ou não é bom.[3]
Como um Deus Todo Poderoso, como mostra a Escritura e testifica o Credo, pode permitir que o mal moral exista? Estas são algumas das posições mais defendidas por alguns sobre este dilema:
Defesa da não realidade do mal
Essa defesa, em sua maioria, parte de religiões orientais (p.e. budismo e ciência cristã). Eles pregam que o mal é uma ilusão. Mas, biblicamente e logicamente, não podemos sustentar esse argumento. Pois, se o mal é uma ilusão, logo, será uma ilusão problemática, que porta dor, sofrimento e morte. Se o mal é uma ilusão, logo, o que diz Isaias sobre a morte de Cristo, o qual sofreria por nossos pecados, é uma ilusão. Sendo assim, não temos nenhuma confiança em Cristo, mas não é isso que a Bíblia mostra.
Defesa da fraqueza divina
Essa posição, atualmente, pode ser vista pelos teólogos do processo ou teísmo aberto. Tais teólogos defendem que Deus não é onipotente, onisciente e/ou soberano. Então, partindo deste ponto de vista, eles entendem que Deus se esforça para bloquear o mal, mas não consegue. Porém, biblicamente, não é esse o testemunho. A Bíblia mostra que Deus é onisciente (Sl 139; Hb 4.11-13; Is 46.10; 1Jo 3.20), onipotente (Sl 115.3; Is 14.24,27; 46.10; 55.11; Lc 18.27); e soberano (Rm 11.33-36; 1Tm 6.15-16). Então, usar tal argumento para resolver o problema é irônico. Como crer que um deus fraco, pode fazer com que resolva este problema?
Defesa do melhor mundo possível
Alguns filósofos têm argumentado que o mal neste mundo é nada menos  que o mundo melhor que Deus poderia criar. Para esta visão o mal seria necessário para atingir certos fins bons. Por exemplo, o fato de haver o sofrimento é para que haja compaixões pelos sofredores. O problema é que Deus é eterno e seus atributos sempre o acompanharam, logo, Deus, mesmo sem o mal, seria compassível. Outro problema é que o texto sagrado nos relata que a criação era boa mesmo sem a presença do mal. Portanto, a presença do mal não tornaria nada perfeito, até porque, no novo Céu e nova Terra não haverá a presença do sofrimento e será um estado eterno de gozo na presença do nosso Senhor.
Defesa do livre arbítrio
A defesa do livre arbítrio é a mais comum que você já ouviu ou ouvirá. Os defensores desta posição dizem que o mal veio pela livre escolha das criaturas racionais, onde que, em nenhum momento a escolha era pré-ordenada por Deus. Em certo sentido, o homem pode fazer suas escolhas. Mas essas escolhas são de acordo com os desejos e circunstâncias de cada um, quer sejam santos ou ímpios. Portanto essa liberdade não é libertária, mas causada por algo que a influenciou, até mesmo sendo determinada por Deus.
Esse é o testemunho da Escritura, ela mostra com frequência Deus determinando nossas livres escolhas e até mesmo más escolhas (cf. Gn 50.20; 2Sm 24.1; Pv 16.9; Lc 24.45; Jo 6.44, 65; At 2.23,47; 11.18; 13.48; 16.14; Rm 8.28 – 9; Ef 1.11; 2.8-10; Fp 1.29).
Defesa da construção de caráter
A quinta defesa trabalha o argumento de que o homem foi criado em um estado de imaturidade moral e que tais sofrimentos fariam com que ele desenvolvesse tal maturidade. É bem verdade que o sofrimento pode ser um modo de aperfeiçoamento, como mostra Hebreus 12. Mas o texto trabalha com pecadores redimidos – uma situação um tanto diferente. Segundo as escrituras mostram, quando Deus criou o ser humano, Ele conclui o sexto dia dizendo que “era MUITO bom”, portanto, não havia imaturidade nisso, mas a imperfeição veio com a queda (Gn 3.17). E, por fim, é bem claro na Escritura que nem todo sofrimento irá construir caráter, a nossa santificação é por intermédio da ação do Espirito Santo juntamente com os meios de graça.
Essas foram algumas respostas a este problema. Mas, será que existe uma resposta que podemos utilizar? Na verdade, eu não conheço uma resposta satisfatória, porém, a partir de minhas leituras, entendo que podemos ver o mal da seguinte forma.
Confissão de Fé de Westminster, diz:
“Desde toda a eternidade, Deus, pelo muito sábio e santo conselho da sua própria vontade, ordenou livre e inalteravelmente tudo quanto acontece, porém de modo que nem Deus é o autor do pecado, nem violentada é a vontade da criatura, nem é tirada a liberdade ou contingência das causas secundárias, antes estabelecidas”. (III.I)
Ou seja, mesmo que Deus tenha ordenado tudo quanto existe, Deus não é o autor do mal e é isso que diz a Escritura, quando diz o profeta que “Tu és tão puro de olhos, que não podes ver o mal” (Hc 1.13). E assim podemos formar um silogismo cristão:
• Premissa 1: Deus é todo-bom (onibenevolente)
• Premissa 2: Deus é todo-poderoso (onipotente)
• Premissa 3: Sofrimento e mal existem
Conclusão: Deus deve ter tido boas razões para permitir o mal e o sofrimento. Pois, é visto pelo testemunho escriturístico que Deus usa o mal e o sofrimento para alcançar um bem maior, mesmo que não saibamos qual é a razão. E assim a denominamos de a Defesa do Bem Maior.
O texto paulino diz que “tudo coopera para o bem de quem ama a Deus” (Rm 8.28). Então, alegar que a presença do mal no mundo é boa,  pode ser válido. Porque até mesmo algumas vezes, temos que passar por algum mal, sermos afligidos com dor por um bom propósito: cirurgia para uma cura, punições em crianças para discipliná-las. Portanto, talvez Deus tenha um bom propósito em permitir o mal.
A defesa do bem maior parte da nossa base sólida de argumentação, as Escrituras. E as Escrituras nos mostram que Deus usa o mal de forma positiva, como nos mostra John Frame:
Para provar os seus servos (Jó; 1Pe 1.7; Tg 1.13), para discipliná-los (Hb 12.7-11), para preservar a vida deles (Gn 50.20), para ensinar paciência e perseverança (Tg 1.3-4), para redirecionar a sua atenção para o que é mais importante (Sl 37), para capacitá-los a consolar e fortalecer outras pessoas (2Co 1.3-7), para habilitá-los a dar vigoroso testemunho da verdade (At 7), para dar-lhes maior alegria quando o sofrimento é substituído pela glória (1Pe 4.13), para julgar os ímpios tanto no decorrer da história (Dt 28.15-68), como na vida por vir (Mt 27.41-46), para recompensar os crentes perseguidos (Mt 5.10-12) e para manifestar a obra de Deus (Jo 9.3; cf. Êx 9.16; Rm 9.17). [4]
As Escrituras lidam com o problema do mal de forma teocêntrica, porque todas as vezes que a objeção do mal no mundo é levantada, é devido a questão que a humanidade supostamente ser boa. O propósito primário e último da nossa existência é “glorificar a Deus e gozá-lo para sempre”. Claro que a Bíblia não proíbe a felicidade humana, mas esta felicidade deve ser para a glória de Deus.
E, por que é teocêntrica? Porque o único inocente que existiu e existe foi tratado como pecador, mesmo sem cometer nenhum pecado, e o mesmo morreu no lugar dos filhos de Deus. Em Cristo, a ira de Deus, por causa da maldade humana é derramada na cruz.
Deus rege este mundo em seus padrões e temos que definir o que seria o nosso conceito de bondade. Nisso, cremos que Deus é o absoluto moral, e se o incrédulo trata o problema do mal, nós tratamos do problema do bem. Primeiro como um incrédulo, que não crê em Deus, sabe o que é o bem e o mal? Se não há absolutos, ele não saberá o que é realmente bem e mal. E esse é o problema que o incrédulo pode enfrentar, pois mesmo com o mal existente há pessoas que desenvolvem habilidades e dons maravilhosos, os quais foram concedidos por Deus, o que chamamos de graça comum. “O Senhor é bom para todos, e as suas misericórdias são sobre todas as suas obras” e “Abres a mão e satisfazes de benevolência a todo vivente” (Sl 145.9,16). Ou seja, como pode haver pessoas com dons, talentos e aptidões em um mundo mal?
Então, a minha conclusão sobre a defesa do bem maior é que, certamente, o bem que Deus dá e tem a revelar no último dia é bem maior e maravilhoso do que os males que temos visto, porque “a nossa leve e momentânea tribulação produz para nós eterno peso de glória, acima de toda comparação” (2Co 4.7). De modo maravilhoso na vida de José, Deus agiu providencialmente para extrair o bem do mal, quando isso parecia uma impossibilidade total, nós não poderíamos confiar que Deus extrairá bem dos restantes de males que vivenciamos?
3. Deus é criador dos céus e da terra
A minha explicação aqui não é sobre como surgiu o mundo, criacionismo ou evolucionismo. Mas para que Deus criou este mundo, e tal descrição será pelo viés bíblico, partindo do Senhor como um Senhor pactual.
A Escritura revela que todas as coisas foram criadas em Cristo e para Cristo. Deus estabeleceu formas de como a humanidade deveria se portar diante do seu Criador.
No livro de Gênesis temos o que chamamos de mandatos pactuais, assim como a criação nos mostra que devemos adorar a Deus somente, Deus nos criou para um relacionamento pactual cúltico com Ele (Mandato Espiritual), um relacionamento entre a família que glorifique a Deus (Mandato Social) e que a nossa cultura, arte e trabalho sejam para a glória de Deus (Mandato Cultural).
Mandato Espiritual – Deus criou Adão e Eva como nossos primeiros pais, à sua imagem e semelhança. Este mandato envolve um relacionamento com o Deus que nos fez a Sua imagem (Gn 1.26). Uma paz entre Ele e suas criaturas, o qual, também, estabeleceu um dia de descanso de nossas obras para dedicarmos inteiramente a Ele em santidade.
Mandato Social – Deus ordena aos nossos primeiros pais que eles deveriam ser fecundos, que o homem deve ser a cabeça e que a mulher seria a auxiliadora.[5] Este mandato que envolve um relacionamento não só com Deus, envolve também a família que por Deus fora criada – a liderança dos pais em saber guiar as suas famílias, segundo a ordem de Deus.
Mandato Cultural – A palavra “cultura” tem a mesma raiz de “cultivar”, a qual aparece em Gn 2.15 na ordem dada por Deus à Adão que ele deveria “cultivar a terra”. Este mandato tem como sentido tirar da terra o seu cultivo, não só na forma de trabalho braçal, mas nas artes, ciência, música e etc.. Ou seja, tudo aquilo que envolve cultura.
Mas, com a queda de nossos primeiros pais, este relacionamento é quebrado, fazendo com que todos estes mandatos fossem danificados. O homem já não consegue adorar a Deus realmente, porque passou a ser idólatra, criando para si deuses, vivendo em guerra com sua família, fazendo que pais matem os filhos e os filhos matem os pais, e seu trabalho juntamente com sua cultura, foi danificado e penoso, a terra foi amaldiçoada por causa dele.
Assim como em Cristo e para Cristo o mundo é criado, o é também na nova criação, o qual eu chamo de parte um. Paulo usa o exemplo da criação em Gn 1.3 para falar da luz que Deus fez aparecer em nossos corações enegrecidos pelo pecado: “Porque Deus, disse que das trevas resplandecesse a luz, é quem resplandeceu em nossos corações, para iluminação do conhecimento da glória de Deus, na face de Jesus Cristo” (2 Co 4.6). Assim, podemos ver que a nossa salvação é parte do ato criativo de Deus, pois somos chamados de “nova criatura” (2 Co 5.17). E, da mesma forma que Deus criou o homem (humanidade) à sua imagem, recria os crentes à imagem de Cristo (Rm 8.29). Assim como por sua Palavra Ele criou e sustenta todas as coisas (Sl 33.6,9), também, por sua Palavra, doa-nos a fé para cremos em Cristo (Rm 10.17; Ef 1.13).
A nossa transformação pela graça de Deus é apenas o começo dos novos céus e nova terra (parte dois e última) (Is 65.17-18; 66.22; 2Pe 3.10-13; Ap 21.1-4) nos quais habita a justiça de Deus. Os crentes são o princípio da obra redentora de Deus (Cl 1.20) que resultará na consumação final, porque a presente criação como demonstrou acima, foi amaldiçoada pela queda do homem (Gn 3.16-19),
“Porque a ardente expectação da criatura espera a manifestação dos filhos de Deus. Porque a criação ficou sujeita à vaidade, não por sua vontade, mas por causa do que a sujeitou, na esperança de que também a mesma criatura será libertada da servidão da corrupção, para a liberdade da glória dos filhos de Deus” (Rm 8.19-21).
Crer que Deus é o criador dos céus e da terra é crer que o mesmo Deus nos fez novas criaturas, por intermédio de Seu Filho, para que vivamos nos Novos Céus e Nova Terra. Pois, de forma pactual, Cristo derrama seu sangue, o sangue da nova aliança, para fazer de dois um só povo.
Conclusão
O Credo dos Apóstolos é um documento muito importante para a instrução da fé cristã e um documento que permanece atualizado, do qual podemos tirar várias lições. Ele começa de forma maravilhosa, mostrando e exaltando a Deus, nos dando o exemplo de como deve ser a nossa vida – crendo que Deus é Soberano sobre tudo e todos; um Deus amoroso que criou todas as coisas para o louvor de Sua glória. Mundo este o qual Deus tem total controle e, misericordiosamente, age graciosamente com todos os seres humanos, mesmo que alguns não façam parte de Seu rebanho, Deus é misericordioso.
Coloquemos a nossa confiança neste Deus e Pai Todo Poderoso que criou os céus e a terra.
__________
Notas:
[1] PACKER, J.I., Teologia Concisa. 2.ed. – São Paulo: Cultura Cristã, 2004, p. 147.
[2] SPROUL, R.C., Estudos expositivos em Romanos – São Paulo: Cultura Cristã, 2011, p.243
[3] FRAME, John. A doutrina de Deus. – São Paulo: Cultura Cristã, 2013, p.136
[4] Ibid., 143
[5] Algumas cristãs feministas criticam o termo auxiliadora, alegando que tal título menospreza a mulher. Mas o que elas não sabem que o titulo “auxiliadora” é aplicado à mulher e depois a Deus (cf. Sl 33.22; 38.33). Ou seja, quando a mulher cumpre o seu papel de auxiliadora ela cumpre um papel que se refere à imagem de Deus.

Via Napec Apologética Cristã


sábado, 26 de dezembro de 2015

Como Posso Saber se Sou um Eleito de Deus?


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A doutrina da eleição é claramente exposta na Bíblia. Isso não significa que é uma doutrina fácil de ser aceita por nosso intelecto decaído. Significa apenas que ela está nitidamente presente nos Escritos Sagrados e nenhuma pessoa que aceita a Bíblia como revelação perfeita de Deus pode negar que os seus escritores a expuseram enquanto eram movidos pelo Espírito Santo a escrever.

Sendo uma doutrina de difícil compreensão, várias perguntas a cercam. Uma delas, talvez das mais comuns, é “como posso saber se sou um eleito de Deus?”. A resposta básica a essa pergunta é bem simples: se você crê em Cristo tendo-o como salvador suficiente e único, você é um eleito, pois esse modo de crer se constitui precisamente na “fé dos eleitos” (Tito 1.1). Se, por outro lado, você rejeita essa fé e, ao longo da vida, perseverar nessa postura até a morte, você não é um eleito, pois ninguém que tenha sido escolhido por Deus morre na incredulidade. De fato, todos os eleitos são também chamados por Deus, depois justificados e, finalmente, glorificados (Rm 8.30). Assim, nenhum deles morre fora da fé!

Como se vê, a prova da eleição é a fé em Cristo. Jesus disse aos judeus que tinha outras ovelhas fora do aprisco de Israel (Jo 10.16; veja-se também João 11.51-52). Essas ovelhas eram pessoas de todas as nações, homens e mulheres escolhidos pelo Senhor que ainda não tinham sequer ouvido sua mensagem. Mesmo assim, uma vez que eram eleitas, Jesus as chamou de “minhas ovelhas”. Como, porém, os pregadores enviados pelo Mestre conseguiriam distinguir essas ovelhas das outras pessoas espalhadas pelo mundo? A resposta do Senhor foi simples: “Elas ouvirão a minha voz!” Com efeito, sendo a fé salvadora um dom de Deus (Jo 6.44,65; Ef 2.8; Hb 12.2), somente seus escolhidos experimentariam a alegria de nutri-la no coração, sendo esta a principal marca da eleição divina.

Há, porém, outros fatores que podem ser observados como provas da eleição de uma pessoa. Um texto importante que auxilia na compreensão disso é 1Tessalonicenses 1.3-4. Nesse texto, Paulo afirma que reconhecia a eleição dos crentes de Tessalônica ao observar a operosidade da sua fé, a abnegação do seu amor e a firmeza da sua esperança.

A operosidade da fé mostrava que o evangelho não havia chegado àquelas pessoas somente em palavras, mas com poder ministrado pelo Espírito Santo (v.5), de modo que a fé que tinham era produtiva, ou seja, não se tratava de uma fé morta ou estéril, mas uma fé que realizava algo e produzia frutos. No texto, é possível perceber que essa fé fora operante no sentido de fazer com que os tessalonicenses se tornassem imitadores de Paulo e de Cristo, tornando-se modelos para os crentes de toda a Grécia (vv.6-7).

A abnegação do amor apontava para a disposição amorosa de trabalhar para o Senhor mesmo sob um custo alto, enfrentando oposição, perseguição e lutas sem esmorecer (v.6). Os crentes de Tessalônica serviam ao Senhor com amor e isso lhes custava caro numa sociedade pagã — mas eles permaneciam firmes e Paulo viu nisso mais uma prova de que eram eleitos.

Finalmente, a firmeza da esperança diz respeito a uma esperança paciente na vinda do Filho de Deus (v.10). O homem salvo não fixa seu coração nas coisas do presente século na expectativa de que a felicidade venha delas. Em vez disso, desfruta da realidade que o circunda sabendo que é apenas uma dádiva temporária e que a real satisfação se encontra no divino Doador que um dia virá. Com essa percepção, ele aguarda com doce expectativa o dia em que o Reino de Deus se estabelecerá neste mundo e no porvir, não se deixando dominar pelas propostas ilusórias do pecado.

Eis aí, portanto, algumas evidências da eleição. Como se vê, não é difícil detectá-las na vida de alguém. Paulo as encontrou nos crentes recém-convertidos de Tessalônica. Ele as encontraria em você?

Pr. Marcos Granconato
Soli Deo gloria
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Caminhos que parecem ser corretos

Há caminhos que ao homem parece direito, mas o fim deles são os caminhos da morte. Provérbios 14:12



Fazendo uma analise desse versículo, podemos ver que nem tudo que escolhemos em nossas vidas é da vontade de Deus. Sempre devemos orar a Deus para seguirmos a sua vontade.
Todos os dias nos deparamos com situações e coisas que são boas aos nossos olhos, mas nem tudo que é belo aos nossos olhos é bom para o nosso espirito. Pode até ser bom para nossa carne, mas jamais para nosso espirito.
Nós sempre queremos o que é bom aos nossos olhos, mesmo muitas vezes não sendo bom de acordo com a vontade de Deus. Pois é natural querermos o que é bom, mas o que Deus tem reservado para nós não é bom. Ele só tem preparado o melhor para mim e para você, por isso que devemos sempre procurar fazer a sua vontade e antes de toda e qualquer decisão em nossas vidas devemos orar e pedi direção de Deus para sabermos se é ou não de sua vontade.

Vamos analisar os versículos abaixo
Entrai pela porta estreita; porque larga é a porta, e espaçoso o caminho que conduz à perdição, e muitos são os que entram por ela;
E porque estreita é a porta, e apertado o caminho que leva à vida, e poucos há que a encontrem. Mateus 7. 13-14
Vemos que Jesus mostrou a existência de dois caminhos onde o caminho que é largo e fácil de entrar por ele leva a perdição. Esse é o caminho que para os homens parece direito, mas a Bíblia deixa claro que esse caminho leva a morte.
Que tenhamos sempre força para entramos no caminho estreito, pois esse é o único caminho que leva a salvação.

Joabson João

quinta-feira, 24 de dezembro de 2015

Superapóstolos


Em minha caminhada cristã, me impressiono ao ver como alguns irmãos exageram numa inocência forçada quando se fala a respeito dos problemas presentes na comunidade cristã. Fato é que efetivamente existem problemas – e muitos – neste ambiente. Ao longo do tempo, formou-se um sistema anexo à Noiva de Cristo, um sistema que na verdade é uma falsa igreja, um regime apóstata que trata do Reino como algo absolutamente antagônico a sua própria essência.  Não estou falando da igreja institucionalizada, pois ela é fundamental para o Reino. Sou absolutamente contra o movimento dos ‘cristãos desingrejados’, pastores de si mesmos. Mas este assunto fica para outro artigo.
Não sei se defino essa visão das coisas como inocência ou como cegueira. O próprio Senhor Jesus nos adverte a respeito do joio que cresce junto ao trigo, porém, qual deve ser nossa postura como cristãos diante desse cenário monstruoso que está se formando debaixo de nossos narizes?
Falado a pouco a respeito da noiva, que a Bíblia define tipologicamente como a Igreja, façamos uma breve reflexão a respeito dela. Quem teve a oportunidade de preparar uma celebração matrimonial sabe como é, para o noivo, o anseio em ver sua amada noiva adentrando o templo, adornada, preparada, perfumada, embelezada para o encontro com o noivo. Do outro lado, a noiva, que passou longas horas se preparando para o momento máximo, pronta para agradar o noivo, com sua beleza, preparação absoluta de entrega, e que segundo reza o padrão moral e espiritual cristão, devendo estar pura e limpa, para que celebre junto ao noivo e enfim esteja unida a ele.
Diante disso, vamos refletir um pouco nas Escrituras.
Amigo do Noivo
‘Vós mesmos sois testemunhas do que vos disse: eu não sou o Cristo, mas fui enviado como seu precursor. O que tem a noiva é o noivo; o amigo do noivo que lhe serve e o ouve, alegra-se grandemente por causa da voz do noivo. Portanto, essa satisfação já se cumpriu em mim. É necessário que Ele cresça e que eu diminua’. João 3.28-30 (Versão King James – KJ).
João Batista, ao declarar tais palavras, estava se referindo – em primeira instancia – aos seus discípulos, que deveriam passar a seguir ‘aquele que estava batizando do outro lado do Jordão’ (v.26), mas por inferência, aplica-se o texto à noiva de Cristo, a igreja. Convém que ‘os amigos do Noivo’ dessa geração operem da mesma forma, diminuindo, anulando-se, para que Ele cresça e para que a noiva seja apenas do Noivo.
No entanto, temos visto uma geração de sacerdotes pregadores do erro crescendo sobremodo e impondo-se como os donos da noiva, e não como amigos do Noivo.
Paulo, apóstolo, amigo do noivo
O pragmatismo é um veneno muito pernicioso. De um modo geral, o homem acredita que as coisas que ‘funcionam são as que estão certas’, e tal via é extremamente perigosa.
Diferente de alguns cristãos modernos, a igreja ao longo de sua existência sempre lutou contra as heresias vindas não somente de fora, mas também o erro apregoado dentro. Veja as palavras do teólogo reformado Louis Berkhof:
Pela dádiva de sua Palavra à Igreja, Deus a constituiu em guardiã do precioso depósito da verdade. Enquanto forças hostis são colocadas contra ela e o poder do erro transparece em toda parte, a Igreja deve providenciar para que a verdade não pereça na terra, para que o grau no qual ela está incorporada seja mantido puro e sem mutilações, a fim de que o seu propósito não seja derrotado, e para que ela seja transmitida de geração em geração. Ela tem a grande e responsabilizante tarefa de manter e defender a verdade contra todas as forças da incredulidade e do erro. [1]
Paulo trata deste assunto com uma igreja que, nos padrões atuais, seria a mais perfeita de todas: a igreja em Corinto.
A cidade de Corinto, na época com população estimada em 250 mil cidadãos livres e 400 mil escravos tinha localização privilegiada. Possuía dois portos e pleno acesso ao Mar Mediterrâneo, o que fazia dela uma espécie de encruzilhada por onde viajantes de todo o mundo passavam. O comércio era exuberante, a cultura cosmopolita e os cultos aos deuses helênicos eram intensos, uma vez que a cidade abrigava doze grandes templos, sendo que um dos mais infames era dedicado à Afrodite, deusa grega do amor, onde mais de mil mulheres eram escolhidas todos os anos para que seus corpos servissem de oferendas religiosas em cultos regados a sexo cultual. [2]
Numa cidade com tais costumes, estava a comunidade de cristãos da Igreja em Corinto, uma igreja cheia dos dons (1Co 1.7), porém imatura ao ponto de dividir-se em concórdias (1Co 1.10-17).
Para tal comunidade Paulo lança uma severa advertência que ecoa em nossos dias: a lábia da serpente através dos falsos obreiros. Eis o trabalho daqueles que amam a noiva!
Sugiro ao leitor que leia 2Co 11 integralmente antes de prosseguir. Feito isso, continuamos nossa reflexão.
Pois tenho verdadeiro ciúme de vós, e esse zelo vem de Deus, pois vos consagrei em casamento a um único esposo, que é Cristo, a fim de vos apresentar a Ele como virgem pura. (2Co 11.2, KJ)
1. Zelo pela Noiva: Neste versículo, Paulo fala sobre zelo e ciúme por aquele povo cristão, o qual ansiava em apresentar diante de Deus como noiva virgem e pura. Uma noiva sem a mancha do erro, do engano, do pecado pré-nupcial, ou seja, uma noiva que não fosse usurpada pelo maligno e por seus falsos obreiros.
Como li num artigo recentemente, a noiva tem sido estuprada, violentada, usada, envergonhada por homens que aparentam serem amigos do noivo, mas que na verdade servem a Mamon, a seu próprio ventre – ministros de Satanás. Homens que lideram impérios religiosos voltados a si mesmos. Onde estão os amigos da noiva para ecoar o alarde que tal caminho voltado para o homem, e não para Deus, é uma via de engano? Dói para poucos ver esta situação e infelizmente é cômodo para muitos calar-se consentido com a tragédia.
Entretanto, receio que, assim como a serpente enganou Eva com sua astúcia, também a vossa mente seja de alguma forma seduzida e se afaste da sincera e pura devoção a Cristo. (2Co 11.3, KJ)
2. O engano da serpente: Seguindo em 2Co 11.3, Paulo fala sobre o engano da serpente, a sedução que Eva sofreu e que, pela astúcia do diabo, poderia seduzir aqueles cristãos, de tal modo que suas mentes seriam ludibriadas a ponto de afastá-los da pura e sincera devoção a Cristo. Os falsos mestres que se infiltraram no meio do povo estavam pregando ensinos pervertidos, que se desencontravam da Verdade. O anseio do apóstolo era que o povo tivesse o coração e mente íntegros ao Senhor e que nada nem ninguém tivesses parte na glória única de Deus. E de que forma o engano estava sendo sorrateiramente colocado naquele contexto?
Porquanto, se alguém vos tem pregado um Jesus que não é aquele que ensinamos, ou se recebeis um outro espírito, que não o Espírito que creio, terdes recebido, ou ainda um evangelho diferente do que tendes abraçado, a tudo isso muito facilmente, tolerais. (2Co 11.4, KJ).
3. Falso evangelho, falso Jesus: Em 2Co 11.4, o apóstolo Paulo adverte a igreja que infelizmente estava sendo tolerado um falso ensino, falso evangelho, falso Espírito, falso Cristo. Não existe nada pior que a mentira disfarçada de verdade. Repito: a mentira disfarçada de verdade é um veneno dado em doses homeopáticas ao povo, que nem percebe que aos poucos estão caindo em destruição. Um pedófilo jamais mostrará sua intenção e face à inocente criança, assim como o estuprador agirá de modo frio e calculista em busca de sua vítima. O erro caminhará com cara de verdade, mas não tardará mostrar-se profundamente tenebroso e diabólico. Os falsos mestres dão o atestado de sua falsidade, em curto, médio ou longo prazo.
Contudo, não me julgo em nada inferior a esses “eminentes apóstolos”. (2Co 11.5, KJ).
Em nada me considero inferior a esses “superapóstolos”. (2Co 11.5, Almeida Século 21 – A21).
4. Eminentes apóstolos; Superapóstolos: Aqui em 2Co 11.5 um dos verdadeiros apóstolos de Cristo, Paulo de Tarso, alerta sobre os falsos mestres que estavam conduzindo a igreja de Corinto ao erro. Eram esses homens que estavam contaminando a Noiva, abusando da Noiva! Eram esses homens que se julgavam em posição de eminência que estavam correndo as bases doutrinárias. Neste sentido vamos nos aprofundar um pouco.
Superapóstolos
É necessário um aprofundamento de contexto para entender melhor o que estava acontecendo ali. Em 2Co 11.6-9 Paulo fala que não cobrava a respeito do ensino ministrado ali naquele lugar, uma vez que recebeu apoio das igrejas da Macedônia e Filipos e trabalhava com artesanato, costurando tendas (At 18.1.4). E por que ele não queria pesar financeiramente para a igreja de Corinto? Não seria ele como obreiro digno de seu salário?
Paulo estava fazendo forte oposição aos ‘superapóstolos’, uma vez que no século 1 era comum nas províncias gregas (e Corinto ficava na Acaia, ao sul) o pagamento aos mestres de religião e filosofia que atuavam de modo itinerante. Estes lobos estavam sangrando a igreja e ensinando heresias, e como cobravam pelo ensino, ainda difamavam o apóstolo Paulo, alardeando que seu ensino era fraco, pois era gratuito. Como são astutos os filhos do diabo! Inversão da graça.
O anseio dos lobos era que Paulo mudasse seu proceder, cobrando pelo ensino para que se igualasse a eles em atitude. Fica o alerta para você, amado em Cristo: não siga as tendências de ‘sucesso pragmático’ dessa era. Seja fiel e firme na sã doutrina. Veja o comentário abaixo:
Historicamente, líderes religiosos, hereges, despóticos e carismáticos têm sido mais ovacionados pelo mundo do que os santos servos do Senhor. Por isso, os crentes e as igrejas precisam ter cuidado para não se deixarem influenciar pelos “superapóstolos” ou “eminências”, conforme a ironia usada por Paulo, e, assim, em se afastar da verdade (Gl 1.6-9). [3]
Estes falsos apóstolos estavam atuando deste modo itinerante, bem como tentando difamar Paulo (que ficou em Corinto um ano e seis meses – At 18.11) com o propósito de levar uma falsa doutrina, sedentos por dinheiro. Situação idêntica ao que vemos nos nossos dias. Como disse William MacDonald, “como a maioria dos líderes de seitas, não trabalhariam em um lugar que não lhes desse lucro” [4].
Por fim, Paulo lança a todos os olhos aquilo que aqueles homens – e seus similares de nossos dias são:
Porquanto, tais homens são falsos apóstolos, obreiros desonestos, fingindo-se apóstolos de Cristo. E essa atitude não é de admirar, pois o próprio Satanás se disfarça de anjo de luz. Portanto, não é surpresa alguma que seus serviçais finjam que são servos da justiça. O fim dessas pessoas será de acordo com o que as suas ações merecem. (2Co 11.13-15, KJ)
As Escrituras deixam claro que o trunfo desses hereges – um verdadeiro canto de sereia – está em seu grande poder de dissimulação, de manipulação. Estes homens tem o “poder” de levar aos ouvidos incautos uma idéia e esperança decisivamente boa, quando de fato não é. E como mostra o versículo 15, que o próprio Diabo se disfarça para enganar, como podem muitos fechar os olhos para realidade que os falsos mestres estão espalhados pelos quatro cantos, na mídia, na internet, no rádio e na TV, e ainda, nos púlpitos, utilizando de linguagem religiosa e aparência de piedade, quando no fundo não passam de mensageiros do Maligno.
Por fim, fica a preocupação de que, todos aqueles que de alguma forma, com coração sincero, querem um relacionamento com Cristo, não caiam na cilada:
Entretanto, receio que, assim como a serpente enganou Eva com sua astúcia, também a vossa mente seja de alguma forma seduzida e se afaste da sincera e pura devoção a Cristo. (2Co 11.3, KJ)
Louvo a Deus pois em breve o sistema apóstata ruirá, e prevalecerá por todo sempre a igreja gloriosa, a verdadeira Noiva:
Esta é a Igreja que será verdadeiramente gloriosa no final. Quando toda glória terrena tiver passado, então esta igreja será apresentada sem mancha diante do trono do Deus Pai. Tronos, principados e poderes sobre a terra não serão nada; mas a igreja do primogênito brilhará como as estrelas no final e será apresentada com alegria diante do trono do Pai no dia da aparição de Cristo. [5]
Sola gratia!
Soli Deo gloria!
Notas
[1] BERKHOF, Louis. Teologia Sistemática. São Paulo: Ed. Cultura Cristã, 2009. p. 548-549
[2] Novo Testamento King James, nota introdutória 1Coríntios. São Paulo: Abba Press, 2007. p. 377
[3] Novo Testamento King James, comentário 2Co 11.5, p. 427
[4] MACDONALD, William. Comentário Bíblico Popular do Novo Testamento. São Paulo: Mundo Cristão, 2008. p. 572
[5] RYLE, John C. “A Igreja Verdadeira”, in TORREY, R.A. Os Fundamentos. São Paulo, Hagnos, 2005. p. 556
Autor:
João Rodrigo Weronka

Fundador do NAPEC, é Bacharel em Teologia pelo SETEC e em Ciências Econômicas pela PUCPR. João é casado com Cristiane F. Weronka; o casal tem uma filha, Rebeca.

Atuando com pesquisas no campo de apologética cristã e religiões comparadas desde 2002, já escreveu artigos que estão em diversos sites.

Dedica-se ao ensino através de artigos, pesquisas, palestras e aulas específicas relacionadas à apologética e heresiologia. Congrega na Igreja Batista Vida Nova, no centro de São José dos Pinhais – PR, atuando na área de ensino em diversos ministérios da igreja.