segunda-feira, 29 de fevereiro de 2016

DOM DE LÍNGUAS E DESVIOS RELIGIOSOS

DOM DE LÍNGUAS E DESVIOS RELIGIOSOS

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 (Por Marcos Granconato)
A ideia tão comum entre os pentecostais de que o falar em linguas é uma prática que foi resgatada por eles no início do século XX, inaugurando uma nova fase de vigor espiritual para a igreja, desconsidera a realidade histórica de que a glossolalia sempre esteve presente em formas deturpadas de cristianismo desde os seus primórdios.
Ao tempo da igreja antiga, o herege Montano (157-212) e seus seguidores alegavam falar em línguas. O corrompido catolicismo medieval também fornece diversos exemplos de personagens tidos como “santos” que afirmavam praticar a glossolalia. Alguns deles são: Hildegard von Bigen (1098 – 1179), São Domingos (1170 – 1221), Santo Antônio de Pádua (1195 – 1231), São Vicente Ferrer (1350 – 1419), São Francisco Xavier (1506 – 1552), São Louis Bertrand (1526 – 1581), São João D’Ávila (1500 – 1569), Santa Teresa D’Ávila (1515 – 1582), São João da Cruz (1542 – 1591) e Santo Inácio Loyola (1491 – 1556).
O fato desses nomes estarem ligados ao romanismo tão tosco como foi o vivenciado na Idade Média, deveria ser levado em conta quando se diz que o falar em línguas marca uma época de maior vitalidade espiritual na igreja.
A glossolalia, porém, não está associada apenas ao cristianismo em sua vertente pentecostal. Registros históricos informam que, no Egito, ao tempo de Ramsés XI (1100 – 1070 a.C), um jovem adorador de Amon, após ter oferecido sacrifícios ao seu deus, foi por ele possuído e começou a falar uma língua estranha. Séculos depois, Platão afirmou na sua obra, “Fédon”, que nos seus dias várias pessoas praticavam a fala extática sob possessão ou inspiração divina.No século 1 a.C., Virgílio disse na “Eneida” que as pitonisas sibilinas da Ilha de Delfos falavam línguas estranhas como resultado da sua união com o deus Apolo. Em transe, elas diziam coisas sem nexo, palavras confusas e enigmáticas, sem nenhum sentido. Fenômenos semelhantes ocorriam no culto egípcio a Osíris, no mitraísmo dos persas e nos Mistérios Eleusianos.
Em tempos mais recentes, a glossolalia pode ser encontrada no catolicismo da Renovação Carismática, no espiritismo, onde o fenômeno é chamado de xenoglossia ou mediunidade poliglota (havendo também alegações de se falar línguas extraterrestres), nos rituais indígenas, no xangô, no candomblé e no xamanismo, onde as línguas faladas são reproduções de sons emitidos por animais.
Esses dados deveriam promover uma cautela maior por parte dos pentecostais e não uma postura tão aberta às línguas como se verifica nesse meio. Também deveriam servir como incentivo para a revisão de seu conceito de línguas como evidência de alta condição espiritual.
Para mais detalhes, veja-se Silvana Matias Freire. GLOSSOLALIAS: FICÇÃO, SEMBLANTE, UTOPIA Tese de doutorado apresentada ao Curso de Lingüística do Instituto de Estudos da Linguagem da Universidade Estadual de Campinas – UNICAMP, Instituto de Estudos da Linguagem, 2007. p. 15-16.
Veja tb. Selma Baptista. Glossolalia. O SENTIDO DA DESORDEM: a simbologia do som na constituição do discurso pentecostal. Dissertaçao de mestrado apresentada ao Instituto de Filosofia e Ciências Humanas — área de Antroplogia Social — UNICAMP, Campinas, 1989.
QUANDO O DOM DE LÍNGUAS ACABOU?
O dom de línguas era a capacidade dada pelo Espírito Santo a alguns crentes de falar sobre as grandezas de Deus em um idioma humano jamais aprendido por quem falava (At 2.7-11).
Algo muito importante a ser levado em conta para entender porque esse dom acabou é que, ao definir o dom de línguas, Paulo citou Isaías 28.11-12, um texto em que as línguas figuram como sinal de juízo contra Israel. Com base nesse texto, Paulo afirmou que as línguas são um “sinal”, ou seja, um sinal de juízo contra judeus incrédulos que rejeitavam a mensagem de Deus (1Co 14.21-22).
De fato, Deuteronômio 28.46,49 diz que ouvir uma língua desconhecida seria um sinal do juízo de Deus contra Israel sempre que esse povo rejeitasse sua mensagem (Jr 5.11-15). Ora, Israel rejeitou o Filho (At 7.51-53). Por isso, Deus usou a igreja para fazer com que os judeus daquela geração ouvissem línguas que não entendiam como sinal do juízo que estava por vir.
Esse juízo foi predito por Jesus (Mt 23.37-39) e chegou no ano 70 AD por mãos do general romano Tito. Tanto era verdade que línguas sinalizavam o juízo contra os que haviam rejeitado o Filho que, por razões não muito claras, os crentes de Jerusalém deixaram a cidade pouco tempo antes dos romanos chegarem e fugiram para uma cidade chamada Pelah, de modo que nenhum crente morreu durante o cerco e invasão de Tito. As línguas sinalizavam juízo contra os incrédulos e, de fato, somente os incrédulos foram alcançados por aquele juízo!
Uma vez que o castigo contra Israel sinalizado pelas línguas ocorreu, esse dom deixou de ser necessário e desapareceu. Obviamente, o fim do dom de línguas trouxe também o fim do dom de interpretação.
O DOM DE LÍNGUAS FALADO NO BRASIL SÓ TEM NOVE CONSOANTES
 A análise linguística da glossolalia pentecostal mostra a construção de uma língua a partir de um conjunto limitado de sons.
No contexto brasileiro esse conjunto fica estrito aos sons utilizados para falar a língua portuguesa. O falante, porém, não usa todos os sons do português durante a prática glossolálica, mas um número muito menor. De fato, a média de segmentos utilizados é de nove sons consonantais e apenas seis variações vogais. No caso de pessoas de baixa instrução, cujo vocabulário é pequeno, as variações glossolálicas são ainda menores.
A predominância e repetição de alguns dos sons que compõem os pequenos conjuntos sonoros usados pelos que falam em “línguas” depende claramente da preferência do falante. Para nosso alívio, sequências ou sílabas que tenham conotação grosseira ou chula são claramente evitadas.
Observe-se ainda que dentro de cada comunidade pentecostal especifica, as línguas faladas pelos membros são sempre parecidas, com uma recorrência de sons comum a todos. Há sempre, na verdade, uma grande repetição de combinações vocálicas e consonantais, indicando uma padronização.
Isso mostra que as pessoas que falam “línguas estranhas” seguem inconscientemente um padrão geral fornecido pela sua comunidade e aprendido por meio da convivência.
Mesmo repetindo basicamente os mesmos sons vez após vez — sons semelhantes aos produzidos por quase todos os demais membros da mesma igreja — os pentecostais acreditam que, a cada nova experiência com línguas, dizem coisas novas e diferentes das faladas pelos demais.
DOM DE LÍNGUAS: HAVIA ANJOS EM BABEL?
 As línguas de anjos mencionadas em 1Coríntios 13.1 não servem de base para afirmar que o dom de línguas envolve linguagem estranha e ininteligível.
Na verdade, a expressão usada por Paulo representa apenas um recurso retórico muito comum que tem como objetivo levar uma hipótese ao nível do absurdo (uma forma de hipérbole) a fim de reforçar um determinado ensino ou argumento.
Ademais, anjo algum jamais aparece na Bíblia falando uma língua ininteligível. Na verdade, mesmo a noção de que os anjos têm seus próprios idiomas distintos é inaceitável, pois significaria que sobre eles sobreveio um juízo semelhante ao que houve em Babel (Gn 11.1-9).
Finalmente, considere-se que, se os anjos falassem uma língua específica deles, dificilmente seria do tipo que é ouvido nas comunidades pentecostais, posto que os sons emitidos nessas igrejas, conforme facilmente se percebe, correspondem a quinze ou, no máximo, vinte palavras pronunciadas repetidamente sem estrutura frasal e sem significado.
DOIS TIPOS DE DOM DE LÍNGUAS. A BÍBLIA ENSINA ISSO?
 O ensino tão comum no movimento pentecostal de que as línguas mencionadas em Atos 2 eram humanas, mas as mencionadas em 1Coríntios eram de outra natureza serve apenas como desculpa para que a glossolalia sem sentido continue a ser usada em suas igrejas.
O fato, porém, é que as línguas faladas em Corinto, assim como as de Atos, eram ambas de natureza terrena. Basta ler 1Coríntios 14.21-22. Nessa passagem, Paulo faz referência aos idiomas das nações gentílicas para explicar o propósito do dom de línguas, o que revela que, aos escrever aos coríntios, ele tinha em mente um fenômeno da mesma natureza daquele narrado por Lucas em Atos dos Apóstolos.
Outrossim, o argumento que afirma que as línguas de Atos eram diferentes das de 1Coríntios porque quem usava estas últimas falava “mistérios” (1Co 14.2) não é válido, pois a palavra “mistério” empregada no tex- to significa apenas que as línguas então faladas permaneciam enigmáticas, não sendo entendidas pelas pessoas em geral. O próprio v. 2 indica esse sentido ao enunciar a frase “porque ninguém o entende”.
DOM DE LÍNGUAS: O QUE SIGNIFICA A FRASE “QUEM FALA EM OUTRA LÍNGUA NÃO FALA A HOMENS”?
 Muitos pentecostais acreditam, com base em 1Coríntios 14.2, que o dom de línguas deve ser usado particularmente, numa espécie de devocional isolada, em que o crente fica falando com Deus apenas, longe das demais pessoas.
Esse entendimento, porém, está errado. Como todo dom concedido pelo Espírito Santo, as línguas, quando ainda existiam, deviam edificar a igreja. É verdade que as pessoas que tinham esse dom eram edificadas quando o exerciam, mas isso é um efeito próprio de qualquer dom.
O fato é que, em seus objetivos centrais, as línguas deviam servir como um sinal de juízo para os judeus incrédulos daquela geração e também, por meio da interpretação, como um veículo de edificação pública. Assim, a ideia do uso das línguas como um recurso devocional particular deve ser rejeitada.
O que dizer, então, de 1Coríntios 14.2? Esse texto diz: “Quem fala em outra língua não fala a homens, senão a Deus…”. A resposta é simples! Um dos grandes e claros objetivos de Paulo nesse capítulo é mostrar o quanto as línguas eram inúteis quando não havia interpretação. Nesse sentido, ele até faz um contraste entre esse dom e o dom de profecia (veja o v. 1). O versiculo citado é, portanto, apenas parte de seus argumentos nesse sentido.
Na verdade, o apóstolo está como que a dizer: “Dêem preferência ao dom de profecia, pois quem fala em outra língua sem que haja interpretação não comunica nada aos homens, senão a Deus, de forma que isso não produz edificação alguma para a igreja”.
É somente isso que Paulo quer dizer. Ele não está defendendo as línguas como um recurso devocional particular, mas sim condenando o seu uso sem intérprete como algo que não diz nada aos homens, mas somente a Deus. Ele próprio dá o sentido da frase “não fala aos homens” ao dizer em seguida “visto que ninguém o entende”. Logo, “não fala aos homens” significa “não comunica nada ais homens”.
Note-se que, na compreensão de um texto bíblico, é preciso sempre levar em conta a intenção autoral. Isso faz toda a diferença. Conforme dito, um dos grandes objetivos de Paulo ao escrever esse texto era mostrar quão inúteis eram as línguas faladas sem um intérprete. Quem as usava, diz ele, não falava absolutamente nada aos homens. Somente Deus entendia, permanecendo a igreja sem qualquer benefício.
DOM DE LÍNGUAS: PAULO O USAVA MUITO?
A afirmação de que Paulo usava o dom de línguas continuamente é outro erro pentecostal. Esse equivoco se baseia em 1Coríntios 14.18: “Dou graças a Deus porque falo em outras línguas mais do que todos vós”.
A base da má compreensão nesse caso está no significado atribuído à palavra “mais”. Os pentecostais entendem que essa palavra denota a ideia de intensidade ou frequência, como se Paulo falasse em línguas mais vezes do que todos os outros crentes. Porém, no v. 19, ele próprio dá indícios de que não fazia isso.
Na verdade, o entendimento correto dessa passagem indica que nela a palavra “mais” tem um sentido qualitativo e não quantitativo. Paulo não está dizendo que falava em mais línguas ou que falava em línguas com mais frequência, mas sim que tinha recebido esse dom num nível mais alto e aprimorado do que todos os demais, exercendo-o com maior eficácia.
O fato de ter recebido esse dom num nível tão elevado servia, inclusive, para realçar sua autoridade apostólica que era sempre questionada em Corinto.
DOM DE LÍNGUAS E EDIFICAÇÃO PESSOAL
No que diz respeito ao propósito do dom de línguas, somente uma passagem do Novo Testamento o aponta com clareza. Trata-se de 1Coríntios 14.22.
Nesse texto, Paulo afirma que o propósito das línguas era ser um sinal. Isso significa que o objetivo principal das línguas não era a edificação pessoal de quem as falava. Ainda que o crente que falava em línguas fosse edificado, Deus queria que esse dom fosse especialmente um dom de sinal, não somente de edificação particular.
Aliás, o crente é edificado quando exercita qualquer dom, mas esse não é o objetivo central de dom nenhum. Por exemplo, o crente é edificado quando usa o dom de ensino, mas esse não é o objetivo central desse dom. Seu objetivo principal é a edificação da igreja.
Isso mostra o erro de alguns que dizem que só falam em línguas sozinhos, para a sua própria edificação. Essa prática é contrária ao propósito supremo do dom. Ele devia ser, principalmente, um sinal e, por isso, tinha de ser público. Se o dom de línguas fosse praticado somente a sós, produziria efeitos limitados e não seria propriamente um sinal como Deus queria que fosse.
À luz do texto de Isaías citado por Paulo em 1Coríntios 14.22, fica evidente que as línguas deviam ser principalmente um sinal de juízo divino para os incrédulos judeus que rejeitaram o Messias. Era por isso que praticá-lo a sós seria o mesmo que praticar o dom de ensino olhando para o espelho .
NEGAR A ATUALIDADE DAS LÍNGUAS É COMETER O PECADO IMPERDOÁVEL?
No universo paralelo do pentecostalismo existe a fábula que diz que quem rejeita a contemporaneidade dos dons espetaculares comete o pecado contra o Espírito — aquele que Jesus afirmou não ter perdão.
Mais uma vez, por amor à saúde e maturidade da igreja do nosso país, é preciso fazer correções a quem entende a Bíblia a partir da intuição e não da hermenêutica.
Mesmo uma breve olhada no texto de Mateus mostrará facilmente que a blasfêmia contra o Espírito Santo, também conhecida como o pecado imperdoável, consistia de ser testemunha ocular de uma obra realizada por Cristo durante seu ministério neste mundo e atribuir essa obra ao diabo (Mt 12.22-32).
Obviamente, desde a ascensão do Senhor, quando ele deixou de estar fisicamente presente aqui, esse pecado se tornou impossível de ser cometido.
OS VERDADEIROS DEFENSORES DO DOM DE LÍNGUAS
 A acusação de que as igrejas tradicionais são opositoras do dom de línguas precisa ser revista, pois quem de fato deprecia esse dom são exatamente os pentecostais.
Isso porque são eles que reduzem o dom de línguas ao mero pronunciar voluntário e grosseiro de sílabas desconexas, enquanto as igrejas tradicionais honram e enaltecem esse dom, afirmando que se constituiu num dos milagres mais extraordinários testemunhado nos dias dos apóstolos: a magnífica capacidade de alguém falar perfeitamente outro idioma sem jamais tê-lo aprendido!
Há algo mais, porém, que precisa ser revisto. Os pentecostais afirmam que os tradicionais blasfemam contra o Espirito Santo por não aceitar as manifestações que ocorrem em suas igrejas, espe- cialmente o que chamam de dom de línguas. No entanto, o que realmente ofende o Espírito Santo é atribuir a ele a emissão de sonidos toscos e banais.
Da mesma forma, o Santo Espírito é ofendido quando dizem que ele é a fonte de profecias inventadas, revelações falsas, curas imaginárias, ensinos heréticos, comportamentos bizarros e desordens chocantes.

Por Marcos Granconato
Via:https://sintesecristablog.wordpress.com

domingo, 28 de fevereiro de 2016

EXERCITA-TE A TI MESMO NA PIEDADE

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EXERCITA-TE A TI MESMO NA PIEDADE

A seção do blog para o qual este texto está sendo escrito chama-se Jovens Piedosos, e percorrendo por toda a Escritura, podemos encontrar jovens como José, Davi e Daniel, exemplos de piedade e subserviência à Deus. Hoje, porém, gostaria de pensar um pouco sobre outro jovem, Timóteo, que teve o privilégio de acompanhar o grande apóstolo Paulo em suas viagens missionárias e ser orientado por ele.
Paulo tinha grande afeto por Timóteo, tanto é que se refere a ele como seu “amado filho”. Timóteo havia sido deixado em Éfeso para pastorear a igreja, e Paulo o escreveu duas cartas para ajudá-lo em sua conduta diante dos problemas enfrentados. Em sua primeira carta, Paulo exorta Timóteo a conservar a pureza da doutrina e se contrapor aos falsos mestres que surgiram naquele lugar. Em sua segunda carta, o apóstolo Paulo reitera que Timóteo zele pela sã doutrina, oferta-lhe encorajamento em seu ministério, e roga-lhe que vá ter com ele depressa, uma vez que o tempo do seu martírio era chegado e ele, que tinha grande afeição por seu “amado filho”, encontrava-se sozinho, abandonado por muitos dos que andavam consigo (cf. II Tm. 4.6-18). Assim sendo, II Timóteo foi a última carta escrita pelo Apóstolo Paulo. Diante de tudo isto, Paulo ofereceu direcionamentos ao jovem Timóteo e preciosas lições, tanto para ele, como para nós, hoje, mediante a atuação do Espírito Santo nas Sagradas Escrituras.
Um desses ensinamentos é justamente o título do texto. No capítulo 4 de I Timóteo, Paulo ordena: “Exercita-te a ti mesmo na piedade”. E ele continua: “Pois o exercício físico para pouco é proveitoso, mas a piedade para tudo é proveitosa”. Qual a razão de ser dessa ordem? Paulo está fazendo recomendações a Timóteo a fim de que ele seja um “bom ministro de Cristo Jesus” (vs 6). Ele começa o capítulo tratando acerca da apostasia e da hipocrisia dos que proibiam coisas lícitas criadas por Deus para serem recebidas com ações de graças, como o casamento e alimentos (vs 1-5). Timóteo era um rapaz instruído desde a infância nas Escrituras, além do mais, tinha Paulo como seu instrutor (creio que só os discípulos tiveram um professor melhor: o próprio Deus!). Por isso, ele seria um bom ministro de Cristo se expusesse e ensinasse aos irmãos as palavras da fé e da boa doutrina que ele vinha seguindo (vs 6). E Paulo ainda mostrou como ele deveria fazer isso: através do viver piedoso.
Quando fala-se em piedade, as pessoas têm uma ideia de comiseração, compaixão, pena. Mas essa não é a piedade cristã. O grande reformador João Calvino deu bastante ênfase sobre a piedade em seus escritos. Ele definiu da seguinte forma: “A verdadeira piedade consiste em um sentimento sincero que ama a Deus como Pai, ao mesmo tempo em que o teme e o reverencia como Senhor, aceita a sua justiça e teme ofendê-lo mais do que teme a morte”. Comentando esse assunto, Joel Beeke escreveu: “Para Calvino, piedade designa uma atitude própria para com Deus e obediência a Ele. Emanando do conhecimento de quem Deus é (teologia), a piedade inclui adoração sincera, fé salvadora, temor filial, submissão e amor reverente.”¹ A piedade é tão somente tributar a Deus a glória que lhe pertence. Dando uma moral aos presbiterianos, lemos no Breve Catecismo de Westminster que o fim principal do homem é glorificar a Deus, esse é o alvo da piedade, e nós o glorificamos cumprindo a sua própria vontade revelada nas Escrituras. Por isso, apesar de muitos, imprudentemente, afirmarem o contrário, o estudo da teologia é extremamente importante para o crescimento na piedade. Beeke afirma que o homem piedoso anseia por conhecer mais a Deus (teologia) e ter mais comunhão com ele; seu mais profundo interesse é Deus mesmo e as coisas de Deus.
Voltando ao texto de Timóteo, Paulo compara o exercício da piedade com o exercício físico (vs. 8). Este é útil para algo; aquele, para tudo é benéfico. Wilian Hendriksen explica essa passagem: O exercício físico, “no melhor dos casos, promove a saúde, o vigor, a beleza física. Estas coisas são maravilhosas e devem ser apreciadas”, a piedade, porém, “promove a vida eterna”. Ele continua, “a esfera em que  exercício físico é de proveito é muito mais restrita do que aquela em que a vida eterna concede sua recompensa”². Outra coisa que podemos depreender do texto é que a piedade é um exercício. Da mesma forma que progredimos em santificação, progredimos também em piedade, e podemos utilizar os meios de graça nesse crescimento, tais como: (a)oração: por meio dela somos levados a nos submetermos totalmente à vontade de Deus, expressando nossa total dependência à Ele, lançado sobre si todas as nossas ansiedades e confiando que ele tem o melhor para seus filhos e que podemos descansar nEle. (b) leitura bíblica: como já falado, através das sagradas letras e de sua obediência, discernimos qual a vontade de Deus e o que Ele requer de nós. Calvino disse que a Escritura é Deus falando conosco como um pai fala com seus filhos. (c) comunhão dos santos: Para Beeke, o progresso na piedade não é possível sem a igreja, pois ela [a piedade] é nutrida pela comunhão dos santos. Calvino fala que, sob a liderança de Cristo, os crentes amam e cuidam uns dos outros, apegando-se na distribuição mútua dos dons. Todas essas, além de outras, são formas do cristão progredir em piedade. No final do versículo 8, Paulo explica porque a piedade para tudo é benéfica: “pois tem a promessa da vida que agora é e da que há de ser”.
Diante de tudo isto, meus irmãos, persigamos a piedade como fim principal em nossa vida, sabendo que ela para tudo é proveitosa. Dessa forma, Timóteo deveria ensinar ao povo e, assim, ele seria um bom ministro do evangelho. Dessa forma, também, nós, poderemos ser testemunhas de Cristo, anunciando sua glória. Que o Soli Deo Gloria seja não apenas um princípio, mas um desejo em nossos corações. Que sejamos, realmente, jovens piedosos. Para variar, terminemos com um comentário de Calvino sobre a passagem em estudo: “Você fará algo de grade valor se, com todo o seu zelo e habilidade, se dedicar unicamente à piedade. A piedade é o começo, o meio e o fim do viver cristão. Onde ela é completa, não há falta de nada… A conclusão é que devemos concentrar-nos, exclusivamente, na piedade, pois, uma vez que a tenhamos atingido, Deus não exige de nós qualquer outra coisa”.
Em Cristo,

Gustavo Buriti.

Via: https://cristaoscontraomundo.wordpress.com

Sei em Quem Tenho Crido – João Calvino (2Tm 1.12) -



Eis aqui o único refúgio para onde todos os crentes devem fugir quando o mundo os condena como perdidos e infelizes, ou seja, que devem ter por suficiente o fato de poderem contar com a aprovação divina; pois o que seria deles caso depositassem nos homens sua confiança? Desse fato devemos inferir que há grande diferença entre a fé e a mera opinião humana. A fé não depende da autoridade humana, tampouco é uma confiança hesitante e dúbia em Deus; ela tem de estar associada ao conhecimento, do contrário não será bastante forte contra os intermináveis assaltos que Satanás lhe faz. O homem que, como Paulo, possui tal conhecimento saberá de experiência própria que nossa fé é corretamente chamada "a vitória que vence o mundo" [1 Jo 5.4], e que Cristo tinha boas razões para dizer que "as portas do inferno não prevalecerão contra ela" [Mt 16.18]. Tal homem será capaz de repousar tranqüilamente mesmo em meio às tormentas e tempestades deste mundo, visto que alimenta uma confiança inabalável de que Deus, que não pode mentir ou enganar, falou, e o que ele prometeu, certamente o cumprirá. Por outro lado, o homem que não tem essa verdade indelevelmente gravada em sua mente será sempre movido de um lado a outro como um arbusto agitado pelo vento. Esta passagem merece nossa detida atenção, pois ela explica de uma forma muitíssimo excelente o poder da fé, quando demonstra que, mesmo em casos extremos, devemos glorificar a Deus por não duvidarmos que ele se manterá verdadeiro e fiel e por aceitarmos sua Palavra com a mesma certeza como se Deus mesmo surgisse do céu diante de nós. O homem carente de tal convicção nada entende. É preciso que tenhamos sempre em mente que Paulo não está a filosofar no escuro, senão que, com a própria realidade diante dos olhos, está solenemente declarando o grande valor daquela confiante certeza da vida eterna.

E estou convicto de que ele é capaz. Ainda que a violência e a extensão dos perigos que nos cercam amiúde nos lancem em desespero ou, no mínimo, conturbem nossas mentes, temos de estar armados com a defesa de sabermos que há no poder de Deus proteção segura para nós. Portanto Deus, ao ordenar-nos que sejamos confiantes, usa este argumento: 'Aquilo que meu Pai me deu é maior do que tudo; e da mão do Pai ninguém pode arrebatar" [Jo 10.29]. Com isso ele quer dizer que não corremos perigo algum, já que o Senhor que nos recebeu em sua proteção é infinitamente capaz de resistir a todos eles. Nem mesmo Satanás ousaria insinuar diretamente a idéia de que Deus é incapaz de cumprir o que prometeu, porquanto nossas mentes recuariam diante de tão nefanda blasfêmia; mas ao desviar nossos olhos e mentes para outras coisas, ele desvia de nós todo o senso do poder de Deus. Portanto; nossa mente deve estar completamente limpa, caso queiramos não só experimentar tal poder, mas também reter a experiência dele em meio às tentações de todo gênero.

Sempre que Paulo fala do poder de Deus, é preciso entender por essa idéia o seu poder real ou eficaz [energoumenen], como ele mesmo o qualifica em outro lugar [Cl 1.29]. A fé sempre conecta o poder de Deus com sua Palavra, a qual não deve ser definida como algo remoto ou à distância, mas, sim, como algo interior do qual estamos de posse. É por isso que o apóstolo diz de Abraão em Romanos 4.20: "Não duvidou, por incredulidade, da promessa de Deus; mas, pela fé, se fortaleceu, dando glória a Deus."

Guardar o meu depósito até àquele dia. É bom observar a forma como ele descreve a vida eterna: o depósito que lhe fora confiado. Daqui aprendemos que a nossa salvação está nas mãos de Deus, precisamente como um depositário que conserva em sua guarda a propriedade que lhe fora confiada para a proteger. Se a nossa salvação dependesse de nós, ela seria constantemente exposta a todo tipo de risco; mas, ao ser confiada a um guardião tão capaz, ela fica fora de todo e qualquer perigo.
Via:http://www.ocalvinista.com/

Deus nosso Salvador – João Calvino



Portanto, exorto, antes de tudo, que se usem súplicas, orações, intercessões, ações de graças em favor de todos os homens, em favor dos reis e de todos os que se encontram em posição de destaque, para que vivamos vida tranqüila e mansa, com toda piedade e respeito. Isso é bom e aceitável aos olhos de Deus, nosso Salvador, o qual deseja que todos os homens sejam salvos e cheguem ao pleno conhecimento da verdade.(1Tm 2.1-4)

1. Portanto, exorto, antes de tudo. Os exercícios religiosos que o apóstolo aqui ordena mantêm e fortalecem em nós o culto sincero e o temor de Deus, bem como nutrem a consciência íntegra de que falamos anteriormente. O termo, portanto, é então perfeitamente apropriado, visto que essas exortações se deduzem naturalmente do encargo que ele pusera sobre Timóteo.

Primeiramente, ele trata da oração pública e de sua regulamentação, a saber: que ela deve ser feita não só em favor dos crentes, mas em favor de todo o gênero humano. É possível que alguém argumente: “Por que devemos preocupar-nos com o bem-estar dos incrédulos, já que não mantêm nenhuma relação conosco? Não é suficiente que nós, que somos irmãos, oremos uns pelos outros e encomendemos a Deus toda a Igreja? Os estranhos não significam nada para nós”. Paulo se põe contra essa perversa perspectiva, e diz aos efésios que incluíssem em suas orações todos os homens, e não as restringissem somente ao corpo da Igreja.
Via: 
http://www.ocalvinista.com/

Admito que não entendo plenamente a diferença entre os três ou quatro tipos de oração de que Paulo faz menção. É pueril a opinião expressa por Agostinho, a qual torce as palavras de Paulo para adequarem-se ao uso cerimonial de sua própria época. O ponto de vista mais simples é preferível, a saber: que súplicas são solicitações para sermos libertados do mal; orações são solicitações por algo que nos seja proveitoso; e intercessões são nossos lamentos postos diante de Deus em razão das injúrias que temos suportado. Eu mesmo, contudo, não entro em distinções sutis desse gênero; ao contrário, deduzo um tipo diferente de distinção. Proseucai [Proseuche] é o termo grego geral para todo e qualquer tipo de oração; e deh>seiv [deeseis] denota essas formas de oração nas quais se faz alguma solicitação específica. Portanto, essas duas palavras se relacionam como o gênero e a espécie. v´Enteu>xeiv [Enteuxeois] é o termo usual de Paulo para as orações que oferecemos em favor uns dos outros, e o termo usado em latim é intercessiones, intercessões. Platão, contudo, em seu segundo diálogo intitulado, Albibíades, usa a palavra de forma diferenciada para denotar uma petição definida, expressa por uma pessoa em seu próprio favor. Em cada inscrição do livro, bem como em muitas passagens, ele mostra claramente que proseuch [proseuche] é, como eu já disse, um termo geral.

Todavia, para não nos determos desproporcionalmente por mais tempo numa questão que não é de grande relevância, Paulo, em minha opinião, está simplesmente dizendo que sempre que as orações públicas foram oferecidas, as petições e súplicas devem ser formuladas em favor de todos os homens, mesmo daqueles que presentemente não mantêm nenhum relacionamento conosco. O amontoado de termos não é supérfluo; pois ao meu ver Paulo, intencionalmente, junta esses três termos com o mesmo propósito, ou seja, com o fim de recomendar, com o maior empenho possível, e pedir com a máxima veemência, que se façam orações intensas e constantes.

Sobre o significado de ações de graças não há nada de obscuro, pois ele não só nos incita a orar a Deus pela salvação dos incrédulos, mas também a render graças por sua prosperidade e bem-estar. A portentosa benevolência que Deus nos demonstra dia a dia, ao fazer “seu sol nascer sobre bons e maus”, é digna de todo o nosso louvor; e o amor devido ao nosso próximo deve estender-se aos que dele são indignos.

2. Em favor dos reis. Ele faz expressa menção dos reis e de outros magistrados porque os cristãos têm muito mais razão de odiá-los do que todos os demais. Todos os magistrados daquele tempo eram ajuramentados inimigos de Cristo, de modo que se poderia concluir que eles não deviam orar em favor de pessoas que viviam devotando toda a sua energia e riquezas em oposição ao reino de Cristo, enquanto que, para os cristãos, a extensão desse reino, e de todas as coisas, é a mais desejável. O apóstolo resolve essa dificuldade e expressamente ordena que orações sejam oferecidas em favor deles. A depravação humana não é razão para não se ter em alto apreço as instituições divinas no mundo. Portanto, visto que Deus designou magistrados e príncipes para a preservação do gênero humano, e por mais que fracassem na execução da designação divina, não devemos, por tal motivo, cessar de ter prazer naquilo que pertence a Deus e desejar que seja preservado. Eis a razão por que os crentes, em qualquer país em que vivam, devem não só obedecer às leis e ao comando dos magistrados, mas também, em suas orações, devem defender seu bem-estar diante de Deus. Disse Jeremias aos israelitas: “Orai pela paz de Babilônia, porque, em sua paz, tereis paz” [Jeremias 29:7). Eis o ensino universal da Escritura: que aspiremos o estado contínuo e pacífico das autoridades deste mundo, pois elas foram ordenadas por Deus.

Para que vivamos vida tranqüila e mansa. Ele acrescenta mais uma persuasão, ao mostrar como isso será proveitoso a nós próprios e ao enumerar as vantagens geradas por um governo bem regulamentado. A primeira é uma vida tranqüila, porquanto os magistrados se encontram bem armados com espada para a manutenção da paz. A menos que restrinjam o atrevimento dos homens perversos, o mundo inteiro se encherá de ladrões e assassinos. Portanto, a forma correta de conservar a paz consiste em que a cada pessoa seja dado o que é propriamente seu, e que a violência dos poderosos seja refreada. A segunda vantagem consiste na preservação da piedade, ou seja, quando os magistrados se diligenciam em promover a religião, em manter o culto divino e requerer reverência pelas coisas sacras. A terceira vantagem consiste na preocupação pela seriedade pública: pois o benefício advindo dos magistrados consiste em que impeçam os homens de se entregarem a impurezas bestiais ou a vergonha devassidão, bem como a preservar a modéstia e a moderação. Se esses três requisitos foram suprimidos, que gênero de vida será deixado à sociedade humana? Portanto, se porventura nos preocupamos com a tranqüilidade pública, com a piedade ou com a decência, lembremo-nos de que o nosso dever é diligenciarmo-nos em favor daqueles por cuja instrumentalidade obtemos tão relevantes benefícios.

Disso concluímos que os fanáticos que lutam pela supressão dos magistrados são privados de toda humanidade e promovem unicamente o barbarismo impiedoso. Que grande diferença há entre Paulo que declara que, por amor à preservação da justiça e da decência, bem como da promoção da religião, devemos orar em favor dos reis, e aqueles que dizem que não só o poder real, mas também todo e qualquer governo, são contrários à religião. O que Paulo afirma tem o Espírito Santo como Autor; conseqüentemente, o conceito dos fanáticos não tem outro autor senão o diabo.

Se porventura suscitar-se a pergunta se devemos ou não orar em favor dos reis de cujo governo não recebemos tais benefícios, minha resposta é que devemos orar por eles, sim, para que, sob as diretrizes do Espírito Santo, comecem a conceder-nos essas bênçãos, com as quais até agora não foram capazes de prover-nos. Portanto, devemos não só orar por aqueles que já são dignos, mas também pedir a Deus que converta os maus em bons governantes. Devemos manter sempre este princípio: que os magistrados são designados por Deus para a proteção da religião, da paz e da decência públicas, precisamente como a terra foi ordenada para produzir o alimento. Por conseguinte, quando oramos pelo pão de cada dia, pedimos a Deus que faça a terra fértil, ministrando-lhe sua bênção, assim devemos considerar os magistrados como meios ordinários que Deus, em Sua providência, ordenou para conceder-nos as demais bênçãos. A isso deve-se acrescentar que, se somos privados daquelas bênçãos que Paulo atribui como dever dos magistrados no-las fornecer, a culpa é nossa. É a ira de Deus que faz com que os magistrados sejam inúteis, da mesma forma que faz com que a terra seja estéril. Portanto, devemos orar pela remoção dos castigos que nos sobrevêm em virtude de nossos pecados.

Em contrapartida, os magistrados e todos quantos desempenham algum ofício na magistratura são aqui lembrados de seu dever. Não basta que restrinjam a injustiça, dando a cada um o que é devidamente seu, e mantenham a paz, se não são igualmente zelosos em promover a religião e em regulamentar os costumes pelo uso de uma disciplina construtiva. A exortação de Davi, para que [os magistrados] “beijem o Filho” [Salmo 2:12, e a profecia de Isaías, para que sejam pais da Igreja, é de grande relevância. Portanto, não terão motivo para se congratularem, caso negligenciem sua assistência na manutenção do culto divino.

3. Isso é bom e aceitável. Havendo demonstrado que o mandamento que ele promulgara é excelente, agora apela para um argumento mais enérgico, a saber: que é agradável a Deus. Pois quando sabemos que essa é a vontade, cumpri-la é a melhor que todas as demais razões. Pelo termo, “bom”, ele tem em mente o que é certo e lícito; e, visto que a vontade de Deus é a regra pela qual devemos regulamentar todos os nossos deveres, ele prova que ela é justa, porque é aceitável a Deus.

Esta passagem merece detida atenção, pois dela podemos extrair o princípio geral de que a única norma genuína para agir bem e com propriedade é acatar a e esperar na vontade de Deus, e não empreender nada senão aquilo que ele aprova. E essa é também a regra da oração piedosa, a saber: que tomemos a Deus por nosso Líder, de modo que todas as nossas orações sejam regulamentadas por Sua vontade e comando. Se essa regra não houvera sido suprimida, as orações dos papistas, hoje, não seriam tão saturadas de corrupções. Pois, como poderão provar que detêm a autoridade divina para se dedicarem à intercessão dos santos falecidos, ou eles mesmos praticarem a intercessão em favor dos mortos? Em suma, em toda a sua forma de orar, o que poderão apresentar que seja do agrado de Deus?

4. Daqui se deduz uma confirmação do segundo argumento, o fato de que Deus deseja que todos os homens sejam salvos. Pois, que seria mais razoável do que todas as nossas orações se conformarem a este decreto divino? Concluindo, ele demonstra que Deus tem no coração a salvação de todos os homens, porquanto Ele chama a todos os homens para o conhecimento de Sua verdade. Este é um argumento que parte de um efeito observado em direção à sua causa. Pois se “o evangelho é o poder de Deus par a salvação de todo aquele que crê [Romanos 1:16], então é justo que todos aqueles a quem o evangelho é proclamado sejam convidados a nutrir a esperança da vida eterna. Em suma, visto que a vocação [do evangelho] é uma prova concreta da eleição secreta, então Deus admite à posse da salvação aqueles a quem Ele concedeu a bênção de participarem de Seu evangelho, já que o evangelho nos revela a justiça de Deus que garante o ingresso na vida.

À luz desse fato, fica em evidência a pueril ilusão daqueles que crêem que esta passagem contradiz a predestinação. Argumentam: “Se Deus quer que todos os homens, sem distinção alguma, sejam salvos, então não pode ser verdade que, mediante Seu eterno conselho, alguns hajam sido predestinados para a salvação e outros, para a perdição”. Poderia haver alguma base para tal argumento, se nesta passagem Paulo estivesse preocupado com indivíduos; e mesmo que assim fosse, ainda teríamos uma boa resposta. Porque, ainda que a vontade de Deus não deva ser julgada à luz de Seus decretos secretos, quando Ele no-los revela por meio de sinais externos, contudo não significa que ele não haja determinado secretamente, em Seu íntimo, o que se propõe fazer com cada pessoa individualmente.

Mas não acrescentarei a este tema nada mais, visto o assunto não ser relevante ao presente contexto, pois a intenção do apóstolo, aqui, é simplesmente dizer que nenhuma nação da terra e nenhuma classe social são excluídas da salvação, visto que Deus quer oferecer o evangelho a todos sem exceção. Visto que a pregação do evangelho traz vida, o apóstolo corretamente conclui que Deus considera a todos os homens como sendo igualmente dignos de participar da salvação. Ele, porém, está falando de classes, e não de indivíduos; e sua única preocupação é incluir em seu número príncipes e nações estrangeiros. Que a vontade de Deus é que eles também participem do ensinamento do evangelho é por demais óbvio à luz das passagens já citadas e de outras afins. Não é sem razão que se disse: “Pede-me, e eu te darei as nações por herança, e as extremidades da terra por tua possessão” [Salmo 2:8]. A intenção de Paulo era mostrar que devemos ter em consideração, não que tipo de homens são os príncipes, mas, antes, o que Deus queria o que fossem. Há um dever de amor que se preocupa com a salvação de todos aqueles a quem Deus estende Seu chamamento e testifica acerca desse amor através de orações piedosas.

É nessa mesma conexão que ele chama Deus nosso Salvador, pois de qual fonte obtemos a salvação senão da imerecida munificência divina? O mesmo Deus que já nos conduziu à Sua salvação pode, ao mesmo tempo, estender a mesma graça também a eles. Aquele que já nos atraiu a si pode uni-los também a nós. O apóstolo considera como um argumento indiscutível o fato de Deus agir assim entre todas as classes e todas as nações, porque isso foi predito pelos profetas.

sábado, 27 de fevereiro de 2016

A Hipocrisia e Mentira dos Falsos Líderes – João Calvino

 – João Calvino



Espíritos sedutores (1Tm 4.1-3). Paulo está se referindo a profetas ou mestres, aplicando-lhes esse título porque se vangloriavam de possuir o Espírito, e ao procederem assim estavam causando impressão sobre o povo. Em geral, é deveras verdade que todas as classes de pessoas falam da inspiração de um espírito, mas não o mesmo espírito que inspira a todos. Pois às vezes Satanás passa por espírito mentiroso na boca dos falsos profetas, com o fim de iludir os incrédulos que merecem ser enganados [1 Rs 22.21-23]. Mas todos quantos atribuem a Cristo a devida honra falam pelo Espírito de Deus, no dizer de Paulo [1 Co 12.3]. Esse modo de expressar-se teve sua origem na reivindicação feita pelos servos de Deus, a saber, que todos os seus pronunciamentos públicos lhes vieram por revelação do Espírito; e, visto que eram os instrumentos do Espírito, lhes foi atribuído o nome do Espírito. Mais tarde, porém, os ministros de Satanás, através de uma falsa imitação, como fazem os símios, começaram a fazer a mesma reivindicação em seu favor, e da mesma forma falsamente assumiram o mesmo nome. Eis a razão por que João diz: "provai os espíritos, se realmente procedem de Deus" [1 Jo 4.1].

Além do mais, Paulo explica o que quis dizer, acrescentando: e doutrinas de demônios, o que eqüivale dizer: "atentando para os falsos profetas e suas doutrinas diabólicas". Uma vez mais digamos que isso não constitui um erro de somenos importância ou algo que deva ser dissimulado, quando as consciências dos homens são constrangidas por invenções humanas, ao mesmo tempo que o culto divino é pervertido.

Pela hipocrisia, falam mentiras. Se esta frase for considerada como uma referência aos demônios, então falar mentiras será uma referência aos seres humanos que falam falsamente pela inspiração do diabo. Mas é possível substituí-la por: "através da hipocrisia dos homens que falam mentiras".Evocando um exemplo particular, ele diz que falam mentiras hipocritamente, esão marcados com ferretes em sua consciência. E devemos observar que essas duas coisas se relacionam intimamente, e que a primeira flui da segunda. As más consciências que são marcadas com o ferrete de seus maus feitos lançam mão da hipocrisia como um refúgio seguro, a saber, engendram pretensões hipócritas com o fim de embaralhar os olhos de Deus. Aliás, esse é o mesmo expediente usado por aqueles que tentam agradar a Deus com ilusórias observâncias externas.

E assim, a palavra hipocrisia deve ser entendida em relação ao presente contexto. Ela deve ser considerada primeiramente em relação à doutrina, e significando que gênero de doutrina é esse que substitui o culto espiritual de Deus por gesticulações corporais, e assim adultera sua genuína pureza, e então inclui todos os métodos inventados pelos homens para apaziguar a Deus ou obter seu favor. Seu significado pode ser assim sumariado: em primeiro lugar, que todos os que introduzem uma santidade forjada estão agindo em imitação ao diabo, porquanto Deus jamais é adorado corretamente através de meros ritos externos. Os verdadeiros adoradores "o adorarão em espírito e em verdade" [Jo 4.24]. E, em segundo lugar, que esse culto externo é uma medicina inútil por meio da qual os hipócritas tentam mitigar suas dores, ou, melhor, um curativo sob o qual as más consciências ocultam suas feridas sem qualquer valia, a não ser para agravar ainda mais sua própria ruína.

Proibindo o matrimônio. Havendo descrito a falsa doutrinação em termos gerais, ele agora toma nota de dois exemplos específicos dela - a proibição do matrimônio e de certos alimentos. Tal atitude tem sua origem na hipocrisia que abandona a genuína santidade e então sai em busca de algo mais à guisa de dissimulação. Pois aqueles que não se abstêm da soberba, do ódio, da avareza, da crueldade e de coisas afins, tentam adquirir justiça por seus próprios esforços, abstendo-se daquelas coisas que Deus deixou para o nosso livre uso. A única razão por que as consciências são sobrecarregadas por tais leis é porque a perfeição está sendo buscada à parte da lei de Deus. Isso é feito pelos hipócritas que, procurando transgredir impunemente aquela justiça interior que alei requer, tentando ocultar sua perversidade interior por meio de observâncias externas, com as quais se encobrem como com véus.

Isso se constituía numa clara profecia do perigo que não seria difícil de se observar, se os homens atentassem para o Espírito Santo que fez registrar uma advertência tão distinta. Não obstante, percebemos que as trevas de Satanás geralmente prevaleciam, de tal sorte que a clara luz dessa perfeita e memorável predição não deixou de cumprir-se. Não muito depois da morte dos apóstolos levantaram-se os encratitas ~ que derivaram seu nome do termo grego, continência —, os tacianistas*, os catarístas, Montanocom sua seita e finalmente os maniqueus, que sentiam extrema aversão por carne como alimento e pelo matrimônio, e condenavam a ambos como sendo profanos. Ainda que tenham sido repudiados pela Igreja em razão de sua arrogância em pretenderem obrigar os demais a sujeitarem-se a seus pontos de vista, não obstante tornou-se evidente que, mesmo aqueles que os resistiram, cederam aos seus erros mais do que lhes era conveniente. Esses de quem estou falando agora não tiveram intenção de impor uma nova lei aos cristãos, contudo atribuíam mais importância a observâncias supersticiosas, como abstinência do matrimônio e de carne como alimento. Tal é a característica do mundo, sempre imaginando que Deus pode ser cultuado de uma forma carnal, como se ele mesmo fosse carnal. A situação se tornava gradualmente pior, até que um estado de tirania se fez prevalecente, ao ponto de o matrimônio não mais ser lícito aos sacerdotes ou monges, ou que em todos ou em certos dias não comerem carne. Por conseguinte, temos boas razões para hoje crer que essa profecia se aplica aos papistas, visto que obrigam o celibato e a abstinência de alimentos mais rigorosamente do que a obediência a qualquer dos mandamentos de Deus. Acreditam que podem escapar da acusação de torcer as palavras de Paulo, fazendo-as aplicar-se aos tacianistas, aos maniqueus ou a grupos afins, como se os tacianistas não pudessem tê-la evitado da mesma forma, voltando as censuras de Paulo contra os catafrinenses e contra Montano, o autor dessa seita; ou como se os catafrinenses não pudessem facilmente fazê-la retroceder contra os encratistas como culpados em seu lugar. Aqui, porém, Paulo não está preocupado com pessoas, e, sim, com os pontos de vista que elas defendiam; e mesmo que surgisse uma centena de seitas diferentes, todas elas laborando sob a mesma hipocrisia em exigir a abstinência de alimentos, todas estariam incorrendo na mesma condenação.

Portanto, debalde se faz que os papistas evoquem os antigos hereges como sendo eles os únicos alvos da condenação paulina. E mister que vejamos bem se porventura não são igualmente culpados. Alegam que são distintos dos encratistas e maniqueus, porquanto não proíbem de forma absoluta o matrimônio e alimentos, senão que obrigam a abstinência de carne somente em certos dias, e exigem um voto de celibato somente aos monges, sacerdotes e freiras. Mas essa é uma desculpa completamente frívola, porquanto fazem a santidade consistir dessas coisas e estabelecem um culto a Deus falso e espúrio, bem como escravizam as consciências humanas com uma compulsão da qual devem estar totalmente livres.

No quinto livro de Eusébio há um fragmento dos escritos de Apolônio no qual, entre outras coisas, repreende Montano por ser o primeiro a dissolver o matrimônio e a estabelecer regras para o jejum. Ele não diz que Montano proibisse universalmente o matrimônio ou certos alimentos. É suficiente impor às consciências humanas uma obrigação de se fazer essas coisas e cultuar a Deus através de sua observância. Proibir coisas que são de livre uso, seja em termos universais, seja em casos especiais, é sempre uma tirania diabólica. Mas isso se tornará ainda mais óbvio à medida que certos tipos de alimentos aparecerem na próxima cláusula.

Os quais Deus criou. É mister que notemos bem a razão apresentada por que devemos viver contentes com a liberdade que Deus nos concedeu no uso dos alimentos. E porque Deus os criou para esse fim. Eles proporcionam o maior contentamento a todos os piedosos, por saberem que todos os tipos de alimentos que comem lhes são postos nas mãos pelo Senhor, para que desfrutem deles de modo puro e legítimo. Como é possível que os homens excluam o que Deus graciosamente concedeu? Podem, porventura, criar alimentos? Ou podem, porventura, invalidar a criação de Deus? Lembremo-nos sempre de que Aquele que criou é também o mesmo que nos faz desfrutar de sua criação, e é debalde que os homens tentem proibir o que Deus criou para o nosso uso.

Deus criou o alimento para ser recebido, ou seja, para o nosso usufruto. Ele, porém, acrescenta: com ações de graças, pois o único pagamento com que podemos retribuir a Deus por sua liberalidade para conosco é dando testemunho de nossa gratidão. E assim, ele expõe a uma maior execração os perversos legalistas que, mediante novas e precipitadas sanções, obstruíam o sacrifício de louvor que Deus especialmente requer que lhe ofereçamos. Além do mais, não é possível haver ações de graças sem sobriedade e moderação, e não é possível haver genuíno reconhecimento da benevolência divina por parte de alguém que impiamente a insulta.

Via: 
http://www.ocalvinista.com/

sexta-feira, 26 de fevereiro de 2016

O Que é ser Pentecostal? - Rev. Leandro Lima

O Que é ser Pentecostal?
O termo pentecostal está definitivamente incorporado ao dicionário da Igreja Cristã. Desde o início do século 20, quando um grupo de crentes começou a falar em línguas numa missão evangélica em Los Angeles, o movimento pentecostal se espalhou pelos quatro cantos do planeta. Hoje estima-se que as igrejas pentecostais e neopentecostais sejam mais numerosas que as tradicionais. Esse termo "pentecostal" é tirado do episódio que ocorreu no dia de Pentecostes em Jerusalém quando os discípulos do Senhor Jesus foram batizados com o Espírito Santo. Os pentecostais dizem que receberam uma experiência igual àquela. Eles raciocinam: os discípulos eram crentes, mas receberam o batismo depois, e falaram em línguas, então, há uma conversão operada pelo Espírito Santo, mas o batismo é uma segunda bênção, uma segunda experiência pós-conversão. Dessa forma, para o pentecostalismo, há duas classes de crentes na igreja, os que já chegaram lá e os que ainda não conseguiram. Quem já foi batizado faz parte da elite dos crentes, enquanto que, quem não foi batizado faz parte de uma categoria inferior de crentes. Estes últimos, frequentemente recebem alguma discriminação por parte dos mais "adiantados", e se veem ameaçados pela pergunta tradicional: "Você ainda não foi batizado no Espírito Santo?".
O Penúltimo Evento Redentivo
Os crentes pentecostais e neopentecostais afirmam que Atos 2 é a norma para os crentes de todas as épocas, mas Atos 2.1-4 é a narrativa histórica a respeito do cumprimento da promessa de Jesus de enviar o Espírito Santo, selando as profecias do Antigo Testamento e completando o último evento da história da redenção, antes da segunda vinda. Dois grupos de pessoas foram batizados com o Espírito Santo no capítulo 2 de Atos. Os 120 discípulos reunidos no cenáculo e a multidão de 3 mil pessoas que se converteram com a pregação de Pedro. Os 120 já andavam com Jesus e eram convertidos. Os 3 mil não eram crentes, mas se converteram naquele dia e com certeza também receberam o batismo com o Espírito Santo. Qual deveria ser a norma para nós hoje? Os 120 que precisaram aguardar até o dia determinado, ou os 3 mil que não precisavam mais aguardar a descida do Espírito Santo, uma vez que ele já havia descido? Parece óbvio dizer que o segundo grupo é padrão, pois também nós vivemos na era após a descida do Espírito.
É preciso fazer uma distinção entre a descida do Espírito Santo e o dia do Pentecostes. Podemos até dizer que, num certo sentido, uma coisa nada tem a ver com a outra. O Pentecostes significa quinquagésimo, pois acontecia 50 dias depois da Páscoa. Também era chamada de festa das semanas, por acontecer 7 semanas depois da Páscoa. Mas, a comemoração mais comum era por causa das colheitas. A única relação entre o Pentecostes e o Batismo com o Espírito Santo foi que Deus resolveu enviar o Espírito Santo naquele dia sobre os discípulos, provavelmente aproveitando a ocasião em que haveria pessoas de várias partes do mundo em Jerusalém. Os judeus celebravam o Pentecostes como o aniversário da dádiva da lei no Sinai, data, segundo criam, no quinquagésimo dia depois do êxodo. Aquele foi o momento sublime em que Deus selou a Aliança com a nação de Israel, mas agora no Pentecostes, algo de proporções ainda maiores estava acontecendo. Deus estava selando sua Aliança com a igreja de todos os povos.
Atos 2.1-4 tem sua importância não por causa da festa do Pentecostes em si, mas pelo fato de que Deus cumpriu mais um evento da história da redenção naquele dia. O nascimento de Jesus foi o primeiro evento histórico da redenção. O próximo evento foi sua morte, depois sua ressurreição, por fim sua ascensão, e então, a descida do Espírito Santo. Depois disso, só resta a segunda vinda. Portanto, o evento que aconteceu no dia de Pentecostes foi o último da histórica atividade salvadora de Jesus. Assim como a morte de Jesus e sua ressurreição são impossíveis de serem repetidas, também o evento da descida do Espírito Santo não se repete. Mas, do mesmo modo como os efeitos da morte e da ressurreição de Jesus estão presentes em todas as épocas, também os efeitos da descida do Espírito Santo estão presentes em todas as épocas, e disponíveis a todas as pessoas. Sem a descida do Espírito Santo, a obra redentora de Jesus não estaria acabada, e sua promessa não teria sido cumprida. E mesmo a promessa do Antigo Testamento do derramamento do Espírito Santo passaria em branco. Tudo, porém, se cumpriu no dia do Pentecostes, e como cumprimento, podemos dizer que se cumpriu de uma vez por todas. Os efeitos da vinda do Espírito Santo permanecem na igreja, dessa forma não precisamos pedir ao Pai que nos dê o Espírito Santo, ou que faça o Espírito descer, pois ele já desceu. Pedir que Deus envie o Espírito Santo, seria algo semelhante a pedir que Deus faça Jesus morrer de novo.
Via Facebook Pensamentos Reformados

Comediante nos nossos púlpitos



A Igreja de nosso tempo parece tudo menos Igreja, quando eu vejo alguns vídeos que circulam pela internet de homens usando métodos de comediante para anunciar o evangelho ou como forma de entretenimento para arrecadar fiéis eu fico chocado. Esse métodos são apenas uma porção do que virou a Igreja de nossos dias, secularizada e mundana. O vírus da destruição adentrou de forma radical no seio da Igreja e com isso as pessoas criou a ideia de que vale de tudo para pregar a Cristo, ou melhor dizendo, a Igreja agora usa os meios mundanos pra chamar a atenção das pessoas quando a palavra não é mais suficiente, creio que tudo isso não passa de uma visão gananciosa dos falsos pastores, homens que se transfiguram e aparentam ser até sinceros mas que não condizem com a realidade das Escrituras.
 O grande pregador Charles Haddon Spurgeon disse uma vez ‘’Chegará um dia que em que no lugar dos pastores alimentando as  ovelhas haverá palhaços entretendo bodes’’. Spurgeon estava correto mesmo vivendo em uma outra época e o tempo chegou e temos vistos tamanha aberração em nossos púlpitos.
2 Timóteo 4.3 lemos o seguinte "Pois haverá tempo em que não suportarão a sã doutrina; pelo contrário, cercar-se-ão de mestres segundo as suas próprias cobiças, como que sentindo coceira nos ouvidos"
Isso é retrato do que vivemos, a palavra de Deus não é mais autoridade e precisamos de um algo há mais para que a pregação seja eficaz.
 O resultado dessa secularização ou da ganância do homem tem trazido sérias consequências para a  Igreja de Jesus Cristo, os métodos usados são carnais e tem chamado crentes carnais homens não regenerados que nunca tiveram verdadeiramente um encontro com Cristo. A pregação da palavra é suficiente, ela é sempre poderosa e eficaz(Isaías55.11 e Hebreus4.12).
O púlpito é algo extremamente sério e temos que levar a palavra do Senhor de forma correta, e em toda a Escritura não conseguimos enxergar Cristo ou mesmo os profetas e Apóstolos nos dizendo para criarmos novos conceitos de pregação, eu creio que temos nos atualizar mas não ao ponto de transformar as igrejas em verdadeiros circos gospel e seus palhaços, pelo contrários, todos os escritores nos incentivarem a sermos fiéis as Escrituras. Que Deus possa nos proteger e nos incentivar cada vez mais a combater esses erros graves que assola a Igreja.
Maxon Nogueira
SoliDeoGloria

Refutando o ensino que Davi e Jonas possuíram um caso homossexual


Ultimamente tenho lido textos escritos por algumas pessoas afirmando que Davi e Jônatas possuíram um caso homossexual. Os que defendem esse pensamento fundamentam sua crença nos seguintes textos bíblicos:

“Sucedeu que, acabando Davi de falar com Saul, a alma de Jônatas se ligou com a de Davi; e Jônatas o amou como à sua própria alma. Saul, naquele dia, o tomou e não lhe permitiu que tornasse para casa de seu pai. Jônatas e Davi fizeram aliança; porque Jônatas o amava como à sua própria alma.” (1 Samuel 18.1-3)

“Angustiado estou por ti, meu irmão Jônatas; tu eras amabilíssimo para comigo! Excepcional era o teu amor, ultrapassando o amor de mulheres.” (2 Samuel 1.26)

Diante destes versos pergunto: Será que os episódios narrados em Samuel demonstram efetivamente que Jônatas e Davi tiveram um relacionamento homossexual? Será que a Bíblia justifica relacionamentos entre pessoas do mesmo sexo?

Minha resposta é: Claro que não, senão vejamos:

1-) A Bíblia jamais irá contra a própria Bíblia. As Escrituras não apoiam, nem tampouco incentivam qualquer tipo de relacionamento homo-afetivo, antes pelo contrário, a Palavra de Deus refuta esse comportamento. (Levítico 18:22, Levítico 20:13,  Romanos 1:26-27, 1 Corintios 6.9-11 e 1 Timóteo 1.8-11)

2-) A Lei mosaica condenava o pecado da homossexualidade o que nos leva a entender que  caso Davi e Jônatas realmente tivessem tido uma relação homossexual, teriam sidos condenados pelo comportamento vivenciado. Como isso não aconteceu entendemos claramente que Davi e Jônatas não tiveram em relacionamento homossexual.

3-) A relação de Jônatas e Davi vai muito além de um relacionamento afetivo sexual. Na verdade, os textos bíblicos sobre suas vidas nos mostram que a relação entre o homem segundo o coração de Deus e o filho de Saul, fora uma relação de amizade. Além disso, a expressão  “ultrapassando o amor de mulheres”, não aponta para um amor homossexual, aliás, quem foi que disse que o amor entre iguais é maior que o amor de mulheres? Ora, vamos combinar uma coisa? Essa é uma interpretação equivocada e que tenta de alguma maneira, ainda que de forma inconsciente, incutir na cabeça de quem quer que seja, que o amor entre homossexuais é maior que entre os heterossexuais. 

Vale a pena ressaltar  que a palavra "ahavá" usada por Davi  significa muito mais que amor sexual. A palavra também é usada no sentido paternal (‘Isaque gostava de Esaú’, em Gn 25.28), no sentido de amizade ( ‘Saul afeiçoou-se a Davi’, em 1 Sm 16.21), no sentido de amor a Deus (‘Amarás o Senhor, teu Deus’, em Dt 6.5) e no sentido de amor ao próximo (‘Amarás o próximo como a ti mesmo’, em Lv 19.18). Ademais, ao contrário do que defendem alguns, as Escrituras nos mostram que Davi e Jônatas vivenciaram uma amizade genuína, pura e santa. Do ponto de vista da Bíblia a amizade entre dois homens além de viável é extremamente louvável. O livro de provérbios  por exemplo destaca que existem amizades tão fortes que podem até superar o amor de irmãos: “O homem que tem muitos amigos sai perdendo; mas há amigo mais chegado do que um irmão.” (Provérbios 18.24).

4-) As Escrituras nos mostram que Davi teve várias esposas e concubinas, como Mical, Abigail, Ainoã, Maaca, Hagita, Abital, Eglá, e outras, isso sem falar no adultério cometido com a mulher de Urias (1 Sm 18.27, 25.42-43, 2 Sm 3.2-5,11.1-27), portanto, a Bíblia nos aponta pecados cometidos por Davi quanto a sua paixão por mulheres e não nos concede margem para pensarmos que ele tinha qualquer tipo de tendência homossexual.

Isto posto, concluo afirmando que por razões claramente mostradas pela Bíblia, Davi e Jônatas não tiveram uma relação homossexual, e que as afirmações contrárias a isso, apontam para um grande equívoco na interpretação das Escrituras.

Pense nisso!

Renato Vargens

Refutando o ensino que Davi e Jonas possuíram um caso homossexual


Ultimamente tenho lido textos escritos por algumas pessoas afirmando que Davi e Jônatas possuíram um caso homossexual. Os que defendem esse pensamento fundamentam sua crença nos seguintes textos bíblicos:

“Sucedeu que, acabando Davi de falar com Saul, a alma de Jônatas se ligou com a de Davi; e Jônatas o amou como à sua própria alma. Saul, naquele dia, o tomou e não lhe permitiu que tornasse para casa de seu pai. Jônatas e Davi fizeram aliança; porque Jônatas o amava como à sua própria alma.” (1 Samuel 18.1-3)

“Angustiado estou por ti, meu irmão Jônatas; tu eras amabilíssimo para comigo! Excepcional era o teu amor, ultrapassando o amor de mulheres.” (2 Samuel 1.26)

Diante destes versos pergunto: Será que os episódios narrados em Samuel demonstram efetivamente que Jônatas e Davi tiveram um relacionamento homossexual? Será que a Bíblia justifica relacionamentos entre pessoas do mesmo sexo?

Minha resposta é: Claro que não, senão vejamos:

1-) A Bíblia jamais irá contra a própria Bíblia. As Escrituras não apoiam, nem tampouco incentivam qualquer tipo de relacionamento homo-afetivo, antes pelo contrário, a Palavra de Deus refuta esse comportamento. (Levítico 18:22, Levítico 20:13,  Romanos 1:26-27, 1 Corintios 6.9-11 e 1 Timóteo 1.8-11)

2-) A Lei mosaica condenava o pecado da homossexualidade o que nos leva a entender que  caso Davi e Jônatas realmente tivessem tido uma relação homossexual, teriam sidos condenados pelo comportamento vivenciado. Como isso não aconteceu entendemos claramente que Davi e Jônatas não tiveram em relacionamento homossexual.

3-) A relação de Jônatas e Davi vai muito além de um relacionamento afetivo sexual. Na verdade, os textos bíblicos sobre suas vidas nos mostram que a relação entre o homem segundo o coração de Deus e o filho de Saul, fora uma relação de amizade. Além disso, a expressão  “ultrapassando o amor de mulheres”, não aponta para um amor homossexual, aliás, quem foi que disse que o amor entre iguais é maior que o amor de mulheres? Ora, vamos combinar uma coisa? Essa é uma interpretação equivocada e que tenta de alguma maneira, ainda que de forma inconsciente, incutir na cabeça de quem quer que seja, que o amor entre homossexuais é maior que entre os heterossexuais. 

Vale a pena ressaltar  que a palavra "ahavá" usada por Davi  significa muito mais que amor sexual. A palavra também é usada no sentido paternal (‘Isaque gostava de Esaú’, em Gn 25.28), no sentido de amizade ( ‘Saul afeiçoou-se a Davi’, em 1 Sm 16.21), no sentido de amor a Deus (‘Amarás o Senhor, teu Deus’, em Dt 6.5) e no sentido de amor ao próximo (‘Amarás o próximo como a ti mesmo’, em Lv 19.18). Ademais, ao contrário do que defendem alguns, as Escrituras nos mostram que Davi e Jônatas vivenciaram uma amizade genuína, pura e santa. Do ponto de vista da Bíblia a amizade entre dois homens além de viável é extremamente louvável. O livro de provérbios  por exemplo destaca que existem amizades tão fortes que podem até superar o amor de irmãos: “O homem que tem muitos amigos sai perdendo; mas há amigo mais chegado do que um irmão.” (Provérbios 18.24).

4-) As Escrituras nos mostram que Davi teve várias esposas e concubinas, como Mical, Abigail, Ainoã, Maaca, Hagita, Abital, Eglá, e outras, isso sem falar no adultério cometido com a mulher de Urias (1 Sm 18.27, 25.42-43, 2 Sm 3.2-5,11.1-27), portanto, a Bíblia nos aponta pecados cometidos por Davi quanto a sua paixão por mulheres e não nos concede margem para pensarmos que ele tinha qualquer tipo de tendência homossexual.

Isto posto, concluo afirmando que por razões claramente mostradas pela Bíblia, Davi e Jônatas não tiveram uma relação homossexual, e que as afirmações contrárias a isso, apontam para um grande equívoco na interpretação das Escrituras.

Pense nisso!

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