domingo, 31 de janeiro de 2016

Dez Efeitos de Crer nas Doutrinas da Graça (John Piper)



Extraido de: Desiring God
Estes dez efeitos são um testemunho pessoal a respeito de crer nas Doutrinas da Graça, que podem ser resumidos através dos cinco pontos do calvinismo. Acabei de ministrar um seminário sobre este assunto. Os alunos me pediram que escrevesse um artigo sobre estas reflexões, ao qual eles teriam acesso. Sinto-me feliz por fazer isso. Na verdade, eles conhecem o conteúdo do curso, que está acessível no site do ministério Desiring God. Contudo, escreverei na esperança de que este testemunho estimule outros a examinarem, como os bereianos, se a Bíblia ensina o que chamo de “Calvinismo”.

1. As Doutrinas da Graça enchem-me de temor a Deus e levam-me à verdadeira adoração profunda centrada em Deus.
Recordo a época em que vi, pela primeira vez, enquanto ensinava Efésios no Bethel College, no final dos anos 1970, a afirmação concernente ao alvo de toda a obra de Deus — ou seja: “Para louvor da glória de sua graça” (Ef 1.6, 12, 14).
Isso me fez perceber que não podemos enriquecer a Deus e que, por essa razão, sua glória resplandece mais esplendidamente não quando tentamos satisfazer as necessidades dEle, e sim quando nos satisfazemos nEle como a essência de nossas obras. “Porque dele, e por meio dele, e para ele são todas as coisas. A ele, pois, a glória eternamente” (Rm 11.36). A adoração se torna um fim em si mesmo.
Isso me faz sentir quão insignificantes e inadequadas são as minhas afeições, de modo que os salmos de anseios se mostram vívidos e tornam a adoração intensa.

2. Estas verdades protegem-me de vulgarizar as coisas divinas.
Um dos caminhos de nossa cultura é a banalidade, a esperteza, a sagacidade. A televisão é o principal mantenedor de nosso desejo compulsivo por superficialidade e trivialidade.
Deus é incluído entre essas coisas. Por isso, existe hoje a vulgarização das coisas espirituais. Seriedade não está em excesso nestes dias. Foi abundante no passado. Sim, há desequilíbrios em certas pessoas que parecem não ser capazes de relaxar e falar sobre o clima.
Robertson Nicole disse a respeito de Spurgeon: “O evangelismo agradável [podemos dizer, o crescimento de igreja norteado por marketing] pode atrair multidões, mas lança a alma nas cinzas e destrói as próprias sementes do cristianismo. O Sr. Spurgeon tem sido reputado frequentemente, por aqueles que não conhecem seus sermões, como um pregador que utilizava humor. De fato, não havia nenhum outro pregador cujo tom era mais uniformemente sério, reverente e solene” (Citado em The Supremacy of God in Preaching, p. 57).

3. Estas verdades me fazem admirar a minha própria salvação.
Depois de descrever a grande salvação em Efésios, Paulo orou, na última parte daquele capítulo, para que o efeito daquela teologia fosse a iluminação do coração, a fim de que nos maravilhássemos com a nossa esperança, com as riquezas da glória de nossa herança em Deus e com o poder de Deus que opera em nós — ou seja, o poder que ressuscitou a Jesus dentre os mortos.
Todos os motivos de vanglória são removidos. Há muita alegria e gratidão.
A piedade de Jonathan Edwards começa a crescer. Quando Deus nos dá um vislumbre da sua majestade e de nossa impiedade, a vida cristã se torna uma coisa bem diferente da piedade convencional. Edwards descreveu isso, de maneira magnífica, quando disse:
Os desejos dos santos, embora zelosos, são humildes. Sua esperança é humilde; e sua alegria, ainda que indizível e cheia de glória, é humilde e contrita, deixando o cristão mais pobre de espírito, mais semelhante a uma criança e mais propenso a um comportamento modesto (Religious Affections, New Haven: Yale University Press, 1959, p. 339ss).

4. Estas verdades tornam-me alerta quanto aos substitutos centrados no homem que passam por boas-novas.
Em meu livro The Pleasures of God (2000), nas páginas 144 e 145, mostrei que, na Nova Inglaterra do século XVIII, o afastamento do ensino sobre a soberania de Deus levou ao arminianismo e, deste, ao universalismo e, deste, ao unitarismo. A mesma coisa aconteceu na Inglaterra do século XIX, depois de Spurgeon.
O livro Jonathan Edwards: A New Biography (Edinburgh: Banner of Truth, 1987, p. 454), escrito por Iain Murray, documenta a mesma coisa: “As convicções calvinistas empalideceram na América do Norte. No andamento do declínio que Edwards antecipara corretamente, aquelas igrejas congregacionais da Nova Inglaterra que tinham abraçado o arminianismo, depois do Grande Avivamento, moveram-se gradualmente ao unitarismo e ao universalismo, lideradas por Charles Chauncy”.
No livro Quest for Godliness (Wheaton, IL: Crossway Books, 1990, p. 160), escrito por J. I. Packer, você pode perceber como Richard Baxter abandonou estes ensinos e como as gerações seguintes tiveram uma colheita horrível na igreja de Baxter, em Kidderminster.
Estas doutrinas são uma proteção contra os ensinos centrados no homem que, sob muitas formas, corrompem gradualmente a igreja, tornando-a fraca em seu interior, enquanto parece forte e popular.
1 Timóteo 3.15“Para que, se eu tardar, fiques ciente de como se deve proceder na casa de Deus, que é a igreja do Deus vivo, coluna e baluarte da verdade”.

5. Estas verdades fazem-me gemer diante da indescritível enfermidade de nossa cultura secular que milita contra Deus.
Não posso ler o jornal, assistir a uma propaganda na TV ou ver um outdoor sem o intenso pesar de que Deus está ausente.
Quando Ele, a principal realidade do universo, é tratado como se não existisse, tremo ao pensar na ira que está sendo acumulada. Fico chocado. Tantos cristãos estão sedados pela mesma droga que entorpece o mundo. Mas estes ensinos são um antídoto poderoso. Oro por um despertamento e avivamento.
Esforço-me para pregar tendo em vista criar um povo tão impregnado de Deus, que O mostrará e falará sobre Ele onde quer que esteja, em todo o tempo.
Existimos para afirmar a realidade de Deus e a sua supremacia em toda a vida.

6. Estas verdades tornam-me confiante de que a obra planejada e começada por Deus chegará ao final — tanto no que diz respeito ao universo como ao indivíduo.
Este é o argumento de Romanos 8.28-39:
“Sabemos que todas as coisas cooperam para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são chamados segundo o seu propósito. Porquanto aos que de antemão conheceu, também os predestinou para serem conformes à imagem de seu Filho, a fim de que ele seja o primogênito entre muitos irmãos. E aos que predestinou, a esses também chamou; e aos que chamou, a esses também justificou; e aos que justificou, a esses também glorificou. Que diremos, pois, à vista destas coisas? Se Deus é por nós, quem será contra nós? Aquele que não poupou o seu próprio Filho, antes, por todos nós o entregou, porventura, não nos dará graciosamente com ele todas as coisas? Quem intentará acusação contra os eleitos de Deus? É Deus quem os justifica. Quem os condenará? É Cristo Jesus quem morreu ou, antes, quem ressuscitou, o qual está à direita de Deus e também intercede por nós. Quem nos separará do amor de Cristo? Será tribulação, ou angústia, ou perseguição, ou fome, ou nudez, ou perigo, ou espada? Como está escrito: Por amor de ti, somos entregues à morte o dia todo, fomos considerados como ovelhas para o matadouro. Em todas estas coisas, porém, somos mais que vencedores, por meio daquele que nos amou. Porque eu estou bem certo de que nem a morte, nem a vida, nem os anjos, nem os principados, nem as coisas do presente, nem do porvir, nem os poderes, nem a altura, nem a profundidade, nem qualquer outra criatura poderá separar-nos do amor de Deus, que está em Cristo Jesus, nosso Senhor”.


7. Estas verdades fazem com que eu veja todas as coisas à luz dos propósitos soberanos de Deus: dEle, por meio dEle e para Ele são todas as coisas; a Ele seja a glória para sempre e sempre.
Todas as coisas da vida se relacionam a Deus. Não há qualquer aspecto de nossa vida em que Ele não seja extremamente importante — Aquele que dá sentido a tudo (cf. 1 Co 10.31).
Ver os propósitos soberanos de Deus sendo desenvolvidos nas Escrituras e ouvir o apóstolo Paulo dizendo: Ele “faz todas as coisas conforme o conselho da sua vontade” (Ef 1.11) faz-me perceber o mundo desta maneira.

8. Estas verdades enchem-me da esperança de que Deus tem vontade, direito e poder de responder as súplicas para que pessoas sejam mudadas.
A garantia da oração é que Deus pode irromper e mudar as coisas — incluindo o coração humano. Pode transformar a vontade. “Santificado seja o teu nome” significa faze as pessoas santificarem o teu nome. “Que a tua palavra se propague e seja glorificada” significa faze os corações abrirem-se para o evangelho.
Devemos tomar as promessas da nova aliança e rogar a Deus que sejam trazidas à realização em nossos filhos, vizinhos e todos os campos missionários do mundo.
“Ó Deus, remove deles o coração de pedra e dá-lhes um coração de carne” (Ez 11.19).
“Senhor, circuncida o coração deles para que Te amem” (Dt 30.6).
“Ó Pai, coloca dentro deles o teu Espírito e faze-os andar nos teus estatutos” (Ez 36.27).
“Senhor, concede-lhes arrependimento e conhecimento da verdade, para que fiquem livres das armadilhas do diabo” (2 Tm 2.25-26).
“Pai, abre-lhes o coração para crerem no evangelho” (At 16.14).

9. Estas verdades recordam-me que o evangelismo é absolutamente essencial para que as pessoas venham a Cristo e sejam salvas.
Recordam-me também que há esperança de sucesso em levar as pessoas à fé e que, em última análise, a conversão não depende de mim, nem está limitada à insensibilidade do incrédulo.
Portanto, isso nos proporciona esperança na evangelização, especialmente em lugares difíceis e entre pessoas de coração empedernido.
“Ainda tenho outras ovelhas, não deste aprisco; a mim me convém conduzi-las; elas ouvirão a minha voz” (Jo 10.16).
É a obra de Deus. Dedique-se a ela com resignação.

10. Estas verdades deixam-me convicto de que Deus triunfará no final.
“Lembrai-vos das coisas passadas da antiguidade: que eu sou Deus, e não há outro, eu sou Deus, e não há outro semelhante a mim; que desde o princípio anuncio o que há de acontecer e desde a antiguidade, as coisas que ainda não sucederam; que digo: o meu conselho permanecerá de pé, farei toda a minha vontade” (Is 46.9-10).

Reunindo todas estas verdades: Deus recebe a glória, e nós, o gozo.

sábado, 30 de janeiro de 2016

por Johannes Wollebius

(1)
As pessoas da divindade são subsistentes que possuem a completa essência de Deus, mas diferem pelas propriedades incomunicáveis.

PROPOSIÇÕES

I. A palavra “pessoa”, “Trindade”, e homoousion, não se encontram na Escritura, todavia, são consistentes com a Escritura, e são sabiamente usadas na igreja.
II. As palavras “hypostasis” e “hypostasized” são de significado amplo do que a palavra “pessoa” [persona]. Uma hypostasis é uma substância individual. Uma pessoa [persona] é uma substância pessoal racional completa, diferindo das outras por uma propriedade incomunicável. Mas o apóstolo (Hb 1:3) usou “hypostasis” para “pessoa” pela metalepsis.
III. Um pessoa da Trindade [persona divina] não é uma espécie de Deus, ou da Divindade ou parte dele, ou alguma coisa de Deus, ou modo, ou mero relacionamento, ou simplesmente um modo de existência, pelo contrário, a essência de Deus em um específico modo de existência.
IV. Uma pessoa da Trindade não é um composto de dois seres, nem é a essência de Deus e o modo de existência para ser considerado como duas entidades da mesma ordem [res et res], mas eles são realmente ou ser e o modo [modus] deste ser.

(2)
1. As pessoas da Divindade são três: Pai, Filho e Espírito Santo.
2. O Pai é a primeira pessoa da Trindade, auto-existente, gerando [gignens] o Filho desde a eternidade e com o Filho produzindo [producens] o Espírito Santo.
3. O Filho é a segunda pessoa, gerado pelo Pai desde a eternidade, e com o Pai produzindo o Espírito Santo.
4. O Espírito Santo é a terceira procedendo desde a eternidade do Pai e do Filho.

PROPOSIÇÕES

I. A Trindade não é um processo, mas um completo estado do ser [non numerus numerans, sed numeratus].
II. O dogma da Trindade não é meramente uma tradição da igreja, mas um ensino proclamado na Escritura Sagrada. Isto é mantido contra os papistas, que a fim de afirmar a imperfeição da Escritura não se envergonham de defender o contrário.
III. Embora a doutrina da Santíssima Trindade este obscura no tempo do Antigo Testamento, ela não estava completamente desconhecida. Em Gn 1:1 diz “No princípio Deus criou os céus e a terra”; e o vs. 2 “O Espírito de Deus estava pairando sobre a face das águas”; e o vs. 26 “Façamos o homem”. O Sl 33:6 diz “Pela a palavra de Jehovah os céus se fizeram, e todas as hostes pelo Espírito de sua boca.”[1] Em 2 Sm 23:2 “o Espírito de Jehovah falou através de mim, e a sua palavra pela minha língua.” Em Is 6:3 diz “santo, santo, santo é Jehovah dos Exércitos.” Em Is 63:9 “O anjo de sua presença (isto é, Deus o Pai) salvou lhes.” Em Is 63:10 diz “Eles se rebelaram e entristeceram o seu Santo Espírito.” Estas testemunhas são suficientes para a mente cristã, embora eles aludem a teimosia dos judeus.
IV. Entretanto, há textos mais explícitos no Novo Testamento. Em Mt 3:16 diz “E, os céus estavam abertos para ele, e ele viu o Espírito de Deus descendo sobre ele.” E em Mt 3:17 está “e vendo, havia uma voz do céu que dizia: ‘este é o meu filho amado, em quem tenho prazer.’” Em Mt 28:19, “batize-os em nome do Pai, e do Filho e do Espírito Santo.” Em Jo 14:16 “eu orarei ao Pai, e ele dará um outro consolador.” Jo 15:26 “quando o confortador vier, ele é quem enviaria você do Pai. Em 2 Co 13:14 diz “A graça do Senhor Jesus Cristo, e o amor de Deus, e a comunhão do Espírito Santo sejam com todos vocês.” 1 Jo 5:8 diz “Há três pessoas que testificam no céu, o Pai, a Palavra e o Espírito Santo.”[2]
V. Para isto podem ser acrescentadas provas da divindade do Filho e do Espírito Santo a partir de seus nomes, seus atributos, suas obras e suas honras divinas. Assim, a deidade do Filho é provada por:

I. Os seus nomes divinos.
No Antigo Testamento o “Anjo da aliança” (Ml 3:1) que aparecia frequentemente aos pais como uma preparação para a encarnação, era o Filho de Deus, e é muitas vezes chamado de Jehovah e Deus (Gn 16:13, 18:1; 32:9, e também Os 12:4; Êx 3:15; Js 6:2; Zc 1:12 e 3:1-2).[3] No Novo Testamento o testemunho é muito mais simples. João 1:1 declara “a Palavra era Deus”. João 17:3 “esta é a vida eterna que eles conheçam a ti, o único verdadeiro Deus, e Jesus Cristo a quem tu enviaste.” João 20:31 “estes foram escritos, para que tu possa crer que Jesus é o Cristo, o filho de Deus.” Atos 20:28 “Deus redimiu a igreja com o seu próprio sangue.” Romanos 9:5 “Deus bendito para sempre.”[4] Tito 2:13 “aquele grande Deus.” Estas expressões são muito comuns em Apocalipse.

II. Os seus atributos divinos.
1. Eternidade. João 8:58 “antes de Abraão, eu sou.” Apocalipse 1:8 “eu sou o alfa e ômega, que é, e era, e ainda há de vir.”
2. Onisciência. João 2:24-25 “ele conhece todos os homens, e não necessita de que alguém lhe testemunho do que é o ser humano, pois ele conhece o que está no homem.”
3. Onipresença. Mateus 28:20 “eu estarei convosco até o fim dos tempos.”
4. Onipotência. João 5:19 “tudo o Pai faz, o Filho também faz.” Hebreus 1:3 “Ele sustenta todas as coisas pela sua palavra de poder.”

III. A sua divina obra. João 14:11 “crê que o Pai está em mim e, eu no Pai, ou também creia por causa da glória das mesmas obras.”
IV. Divina honra. As pessoas precisam crer nele (Jo 3:16). Em seu nome pessoas são batizadas (Mt 28:19). Em seu nome todo joelho se dobrará (Fp 2:10).

A deidade do Espírito Santo prova que:

I. O nome “Deus”. Atos 5:3-4 “Pedro lhe disse: ‘Ananias, porque Satanás encheu o seu coração, para que você mentisse ao Espírito Santo? Você não mentiu a homens, mas a Deus.”

II. Os seus atributos divinos.
1. Eternidade. Gênesis 1:2 “O Espírito de Deus se movia sobre a face das águas.”
2. Onipresença. Salmo 139:7 “para onde fugirei de teu Espírito?”
3. Onisciência. 1 Corintians 2:10 “o Espírito busca todas as coisas, em todos os caminhos de Deus.”
4. Onipotência. Isto é óbvio pelas suas obras.

III. As suas obras divina.
1. A criação de todas as coisas (Gn 1:2; Sl 33:6; Jó 26:13; 38:4).
2. A preservação de todas as coisas. Gênesis 1:2 “Ele pairava sobre as águas” de modo semelhante a uma ave sobre os seus filhotes e deles cuida.
3. O seu envio e unção de Cristo. Isaías 61:1 “o Espírito do Senhor está sobre mim, porque ele ungiu-me.”
4. Os dons de línguas e milagres. 1 Corintians 12:4 “vários dons, mas o mesmo Espírito.”

IV. A sua divina honra.
V. As pessoas creem nele de acordo com o credo. As pessoas precisam ser batizadas em seu nome (Mt 28:19). Orações são feitas por ele (2 Co 13:14; Ap 1:4; onde são chamados sete espíritos, não com respeito ao número, mas referindo-se aos seus dons, quando a antiga igreja cantava “Tu com sete dons”).[5]
VI. As diferenças entre as pessoas aparecem na posição, atributos e na maneira de operar. Na posição, o Pai é primeiro, o Filho em segundo e o Espírito Santo em terceiro. Nos atributos, o Pai existe por si mesmo, não somente considera a sua essência, mas também com respeito a sua pessoa. O Filho existe por meio do Pai; o Espírito Santo, pelo Pai e do Filho. No modo de operar, o Pai sempre age por si mesmo, o Filho pelo Pai, e o Espírito Santo por ambos.
VII. A Trindade de pessoas não destrói a unidade da essência: há três pessoas, mas um Deus. Deuteronômio 6:4 “ouve Israel, Jehovah nosso Deus é o único Jehovah.” 1 Coríntians 8:6 “pois conhecemos um Deus, o Pai de quem são todas as coisas, e a quem somos, e o único Senhor Jesus Cristo, através de quem todas as coisas, e nós existimos.” Efésios 4:6 “um Deus e Pai de todos.” 1 Timóteo 2:5 “há um Deus e único mediador entre Deus e os homens, Jesus Cristo.” 1 João 5:7 “e estes três são um.”
VIII. Entretanto, a palavra “Deus” pode ser usada tanto para toda a Santa Trindade, ou para uma específica pessoa desta Trindade. Em Atos 20:18 “Deus redimiu a igreja pelo seu próprio sangue”, a palavra “Deus” precisa ser entendida como sendo uma referência ao Filho.
IX. A unidade das três pessoas da Santa Trindade consiste de identidade de essência, igualdade e relação entre elas [circumcessio].
X. Identidade, ou unicidade da essência [omousía seu enousía] significa que as três pessoas são coessenciais, ou da mesma essência. Eles não são de essência semelhante [omoioúsioi], nem de diferentes essências [anómoioi], nem de diversas essências [eterousioi], nem são eles de indivíduos diferentes da mesma espécie [tautousioi, isto é, eiusdem essentiae specificae].
XI. Por igualdade de pessoas entende-se que as três pessoas da divindade são iguais em essência, atributos, ações essenciais, glória e honra. O Filho e o Espírito Santo são em si mesmos auto-existentes e justos tanto quanto o Pai.
XII. Por circumcessio entende-se que as pessoas são mais intimamente unidas, todavia, cada uma sempre mantém relação umas com as outras.[6]


NOTA:
[1] As versões AV a RSV “breath of his mouth”; Vulgata traduz: spiritus oris eius. Nota de John W. Beardslee III.
[2] A autenticidade deste verso tem sido questionada. O escolasticismo “ortodoxo” defende-o por todo aquele século. Veja Francis Turrentin, Disputatio de Tribus Testibus Coelestibus (texto não traduzido). Nota de John W. Beardslee III.
[3] Transcrevo as citações das Escrituras conforme Wollebius as fez. O leitor muitas vezes terá que ler uma longa porção da Bíblia, de modo que, possa ver o completo sentido da referência. Em cada caso o contexto inclui um “anjo” que pode ser considerado como não criado. Este anjo é “o Filho de Deus” que claramente oferece uma específica e tradicional dedução cristã. Veja Francis Turrentin, Compêndio de Teologia Apologética, Terceiro Tópico, Questões IV e VII. [publicado pela Editora Cultura Cristã]. Nota de John W. Beardslee III.
[4] Wollebius claramente aceita o tradicional entendimento desta passagem, diferenciando como termina na RSV. Nota de John W. Beardslee III.
[5] Do cântigo Veni Creator Spiritus. Nota de John W. Beardslee III.
[6] Para um breve esclarecimento sobre circumcessio, ou, da relação das pessoas da Trindade veja AQUI. Nota de Ewerton B. Tokashiki.


Texto de John W. Beardslee III, Reformed Dogmatics: seventeenth-century Reformed Theology through the Writings of Wollebius, Voetius, and Turretin (Grand Rapids, Baker Books, 1977), pp. 40-45.

Traduzido 14 de Março de 2015.
Rev. Ewerton B. Tokashiki
Pastor da Primeira Igreja Presbiteriana de Porto Velho
Professor de Teologia Sistemática no SPBC-RO

Dons Extraordinários





por


Moisés Bezerril



Falar sobre este tema é de muita responsabilidade. Hoje o que se vê nas Igrejas quanto à doutrina do Espírito Santo, e que é pregado, não é uma doutrina, uma teologia, mas praticamente é uma tradição pentecostal.
Quero inicialmente dizer que os pentecostais não são famosos por teologia; a formulação teológica nunca foi o “forte” do pentecostalismo. Desde os seus primórdios, eles gostam de dizer ao mundo que não gostam muito de teologia. Porém, hoje já se vê pentecostais que estudam, têm seminários, mas o início da história do pentecostalismo não é com raciocínio teológico, ao contrário, é com a “experiência” que vão dar sempre a formulação teológica. Dessa forma, não podemos procurar estudo substancial sobre este assunto na tradição pentecostal, pois não há profundidade. Consultei um comentário de seis autores de várias linhas teológicas sobre a questão do que significa que é “perfeito” em 1 Co.13 e o exame mais fraco do texto, o argumento mais fraco, é o pentecostal, é a análise pentecostal.
A Confissão de Fé de Westminster é decisiva sobre esta questão e é bom mostrá-la para que percebamos que não estou sozinho neste tema e nem é fruto de minhas “elucubrações” teológicas. Eu estou com a grande maioria dos teólogos reformados e puritanos do passado e de todas as épocas, como John Owen, Turrentine, Jonathan Edwards, Sinclair Ferguson e outros. Teólogos que na verdade tiveram uma compreensão bíblica e totalmente diferente do pensamento pentecostal. Isso pode ser intrigante porque há um autor (Caio Fábio), que no seu livro sobre o Espírito Santo diz que na época dos reformadores os dons não existiam na Igreja porque eles estavam preocupados com as grandes doutrinas que motivavam a luta entre a Igreja Católica e os reformados. Segundo ele, por estarem preocupados e envolvidos nesta luta, esqueceram-se dos dons. Isso leva-nos a concluir que os dons do Espírito seriam algo manipulável. Ou seja, seria afirmar que nós só recebemos dons quando a eles é dada a ênfase necessária. Mas a palavra “dom”, teologicamente, não encerra em si mesmo essa manipulação. Não vemos no Novo Testamento os dons serem algo da manipulação do homem. Ou seja, “se eu crer receberei, se eu der ênfase receberei”; não é assim! A própria palavra charismata, vem da palavra grega que significa dom imerecido. Não é algo que está na dependência de qualquer condição humana, como a salvação também não está. A palavra charismata vem da mesma raiz grega charis, que significa graça (“dom imerecido”).
Vejamos a Confissão de Fé de Westminster (também a Confissão de Londres —Batista de 1689) no seu primeiro capítulo Da Escritura Sagrada, parágrafo 1:
“...e depois, para melhor preservação e propagação da verdade, para o mais seguro estabelecimento e conforto da Igreja contra a corrupção da carne e malícia de Satanás e do mundo, foi igualmente servido fazê-la escrever toda. Isto torna a Escritura Sagrada indispensável, tendo cessado aqueles antigos modos de Deus revelar a sua vontade ao seu povo.”
A Confissão de Fé de Westminster é clara e definida quando diz que a Palavra de Deus é suficiente e indispensável. Deus hoje comunica a Sua vontade além de Sua Palavra? A Assembléia de Westminster diz: NÃO! Porque os antigos modos de Deus revelar a Sua vontade cessaram. E o que a Confissão de Fé tem a ver com esta questão toda? É que existe uma séria polêmica entre dois temas que são muito conflitantes. Eu pergunto: Como posso crer na suficiência das Escrituras para a vida da Igreja e crer ao mesmo tempo na necessidade dos dons espetaculares de 1Coríntios 12:1-11? Qual é o lugar da Palavra de Deus e qual é o lugar desses dons? Devemos entender que a Igreja de Corinto não é uma igreja da nossa época. Muitas pessoas olham para a igreja de Corinto como se estivesse vendo sua própria igreja, como se estivesse vendo a Igreja do século XXI. Mas não há igualdade. A igreja de Corinto era uma igreja de tradição apostólica, uma igreja que ainda não tinha a doutrina da nova aliança revelada, como nós a temos. Mas era uma igreja formada por pessoas que estavam “engatinhando” e que precisavam de edificação e alimento espiritual para suas vidas.
Aqui está a grande pergunta: Como os crentes de Corinto eram edificados se não tinham a doutrina da Nova Aliança? Alguém poderia dizer que eles tinham o V.T. É verdade, mas com a revelação de Cristo, toda a doutrina do VT agora toma uma tonalidade diferente, não em sua substância, mas na sua forma. E tem de haver uma aplicação desta verdade na vida prática dos crentes. Como isso é feito? O pastor chega no domingo, abre a Bíblia e vai falar sobre casamento lendo 1Co. 7 e percorre uma série de outros textos correlatos sobre o tema. Por exemplo: A mulher que se converteu ao cristianismo e o marido não, querendo, por isso, deixa-la. Há alguma orientação no V.T. para este tipo de problema? Não. A doutrina do V.T. é a mesma do N.T, só que lá ela é restrita à revelação dada ao povo de Israel. Mas agora novos problemas surgem com a entrada dos gentios na aliança e por isso é necessário que uma interpretação do V.T. seja trazida à luz da Nova Aliança para a nova Igreja depois de Pentecostes. Surgem problemas diversos. Como eles resolveriam problemas de dois povos diferentes que se juntam? Como se deve tratar os irmãos mais pobres no culto? Diante da revelação do V.T., como o povo seria doutrinado à luz da Nova Aliança sem Novo Testamento?
É muito fácil doutrinar a igreja hoje considerando toda revelação escrita. Mas naquela época os crentes necessitavam de uma edificação totalmente distinta do método de edificação de hoje. Na era apostólica a igreja dependia exclusivamente dos dons espetaculares do Espírito. Em 1 Co. 1:7 lemos: “...de maneira que não vos falte nenhum dom, aguardando vós a revelação de nosso Senhor Jesus Cristo”. Muitas pessoas usam este texto para dizer que os dons podem ser manipulados. Como se Paulo dissesse: “Vocês dêem um jeito para que eles não faltem”. A tradução da língua grega é problemática, pois, na verdade algumas traduções dizem “não vos falta”. Aqui o verbo grego está no infinitivo, O problema é que existe uma partícula grega, um advérbio de negação (mê) que é sempre usado no subjuntivo e por isso fizeram esta tradução que comumente usamos:
“de maneira que não vos falte”. Mas o contexto imediatamente e o verbo estando no infinitivo dá a entender que Paulo está dizendo que o testemunho de Cristo está sendo confirmado em vós de “maneira a não faltar”. Qual é a prova que o testemunho de Cristo tem sido confirmado em vós? Que os dons estão presentes entre vós. Então, a Igreja tem estes dons espirituais. Corinto tinha estes dons espirituais. Poderíamos até perguntar: Será que as igrejas da Galácia, de Éfeso, Tessalônica não tinham estes dons? Só estavam presentes em Corinto? Todas as igrejas apostólicas tinham os dons espirituais porque era a única maneira da igreja do primeiro século ser edificada. Mas, porque Corinto se sobressai em relação aos dons espirituais? Porque este era exatamente o problema daquela igreja e quanto a ela Paulo diz que não deseja que seja ignorante acerca dos dons espirituais.
No capítulo 12 percebemos que Paulo diz que “A respeito dos dons espirituais, não quero, irmãos, que sejais ignorantes. Sabeis que, outrora, quando éreis gentios, deixáveis conduzir-vos aos ídolos mudos, segundo éreis guiados. Por isso vos faço compreender que ninguém que fala pelo Espírito de Deus afirma: Anátema Jesus! por outro lado, ninguém pode dizer: Senhor Jesus! senão pelo Espírito Santo”. Paulo começa a dizer que “os dons são diversos, mas o Espírito é o mesmo. E também há diversidade nos serviços, mas o Senhor é o mesmo. E há diversidade nas realizações, mas o mesmo Deus é quem opera tudo em todos. A manifestação do espírito é concedida a cada um, visando um fim proveitoso” (vs.1-7). O problema aqui era que os crentes exageraram na questão do dom de línguas e por isso há um capítulo inteiro sobre este ponto. Por quê? Porque o dom de línguas é um dom misterioso que trás revelação. E também um dom extraordinário, espetacular, que você vê. É um dom sensível e logo percebido. Em Corinto havia o mesmo problema de hoje nas igrejas carismáticas. Quem tivesse este dom era considerado o mais espiritual. É bom lembrar que o dom de língua é um dom-sinal, pois marca exatamente a transição dos oráculos de Deus que eram concedidos numa única língua ao povo escolhido e quando surgem os gentios falando das grandezas de Deus, Paulo lembra que língua é um sinal (sinal para os incrédulos —judeus — e não para os crentes).
Havia em Corinto esta questão de se pensar que o mais espiritual era aquele que falava em línguas. Paulo, então, afirma que os dons são diversos, mas o Espírito é o mesmo. Era como se Paulo perguntasse: “Vocês pensam que a quem falta o dom de profetizar ou de fazer milagres, não tem o Espírito? É o mesmo Espírito que opera como quer”. A diversidade de dons não diverge na medida do Espírito.
Vamos ver alguns dons de 1 Co12, para edificação da Igreja, dons espetaculares e que trazem revelação.
A característica de um dom espiritual é trazer um fim proveitoso (v.7). Nenhum dom pode ser dado sem que haja um fim proveitoso. Muitos dizem ter vários dons mas, mesmo assim, não há proveito para a igreja. “Porque a um é dado, mediante o Espírito”:
1. A palavra de sabedoria. O que era esta palavra de sabedoria? Era exatamente aquela questão relativa a uma igreja que precisava de uma palavra de orientação. Como o pastor hoje orienta as suas ovelhas? Com a Bíblia, citando princípios bíblicos. Mas, se eles não tinham Bíblia completa, como o povo era orientado nas mais variadas situações? Como a igreja era dirigida com uma palavra de sabedoria. Esse conhecimento era apenas em parte, porque naquela época os irmãos saíam da igreja apostólica e chegavam em casa para ler algo incompleto. Sob a Nova Aliança eles liam o que? Não tinham ainda a palavra final para ler, mas necessitavam de orientação para a vida, necessitavam de sabedoria. Neste caso, era necessário que os crentes fossem para a igreja e esperassem que Deus trouxesse uma pessoa com dom de sabedoria para orientar a igreja em todas as áreas. Hoje nós temos a Bíblia completa, mas eles não. Eles tinham uma palavra que lhes era revelada porque não havia ainda princípios neo-testamentários para dirigir a igreja sob todos os problemas. Era necessário algo revelado por Deus, uma palavra de revelação.
2. Palavra de conhecimento. Como os crentes sabiam a respeito da ressurreição dos mortos; sobre a messianidade de Jesus; como eram doutrinados de tal maneira que Cristo fosse formado neles; como saberiam dos mistérios de Deus que nos edificam? Como isso era trazido para a Igreja? Resposta: Através de um irmão, dotado por Deus com esta palavra de conhecimento. Esta expressão grega é dom da ciência. Muita gente quando cita o texto, “havendo profecias, desaparecerão; havendo línguas cessarão; havendo ciência passará” se refere equivocadamente à ciência como ciência tecnologia e quando esta “ciência” passar os dons passarão. Mas Paulo está falando de dom espiritual. Este é o dom do conhecimento. Esta pessoa se levantava para trazer doutrina revelada ao povo.
3. Fé. Esse dom de fé tem uma similaridade com o dom de milagres. Deus levantava pessoas na igreja e lhes dotava de um poder, de uma fé tão grande que eles criam contra a própria esperança, de tal maneira que estes crentes eram operadores de milagres. E o mesmo sentido daquele que tinha o dom de operar milagres. Alguns comentaristas dizem que esta fé aqui é a fé salvadora, mas não pode ser, pois é um dom que é dado a uns e não a todos os crentes. Paulo diz que é dado individualmente segundo a vontade do Espírito. Por isso Paulo pergunta: ‘‘por acaso todos têm estes dons?’’. Então o dom da fé era exatamente um dom miraculoso, uma fé que os autores não sabem bem definir.
4. Dom de curar. Este dom está tremendamente “amarrado” à questão da revelação. Todos estes dons são revelacionais. Nenhum dom aqui foi dado para a edificação da própria pessoa. Cada dom tem a função de ministrar para a Igreja e realizar uma grande obra em que Cristo deveria ser formado nas pessoas. Não pense que o dom de cura é dado só para curar. Infelizmente hoje há uma divulgação de um dom de cura que foi dado somente com o propósito, em si mesmo, de curar. Mas qualquer movimento em torno do dom de cura sem que haja uma grande revelação de Cristo na vida do povo de Deus, não é o dom de 1 Coríntios 12. Mesmo porque estes sinais de cura que se vê hoje não são unicamente vistos em 1 Co. 12, mas entre os pagãos também se vê muitos fenômenos. Porém, este dom é especial porque revela Cristo; este dom está “amarrado” a uma grande obra que Deus estava para fazer na igreja. O dom de cura era um dom revelacional. Era distinto do dom de cura propagado hoje, em que o pregador afirma numa reunião que alguém está com dor de cabeça ou com um problema sério e muitos (curadores) quando vão colocar o dom de curar em prática, o fazem diferentemente da época apostólica. Fazem uma “força” terrível: gritam, batem com o pé no chão, esmurram o púlpito, aumentam o volume do som, gritam no microfone, fazendo um barulho tremendo. O dom de cura não era assim. Aos que tinham este dom, eram-lhes revelados o momento e a quem deveriam curar. Nunca pensemos que a igreja era um hospital e que o dom de cura fora dado para que nela não houvesse doentes. Muitos servos fiéis morreram doentes e de todo tipo de doença, inclusive as chamadas incuráveis; ainda hoje é assim. Este dom de cura fora dado para que através de uma cura revelada, pessoas fossem curadas sem dificuldade alguma, sem ritual algum, sem necessidade de orações “especiais” como são feitas hoje pelos curandeiros. Por que o dom de cura era revelacional? Porque quando a igreja se reunia, Cristo tinha de ser destacado, Sua messianidade estava em jogo e devia ser provada. Mas se alguém pergunta: E se um missionário for a uma tribo distante e, para provar a messianidade de Cristo ele tivesse de realizar uma cura milagrosa? Eu responderia que hoje a Palavra afirma que Deus já cessou os antigos modos de revelar. E isto que nos diz a epístola aos Hebreus, capítulo primeiro.
Hoje nós temos a Bíblia completa, mas eles não. Eles tinham uma palavra que lhes era revelada porque não havia ainda princípios neo-testamentários para dirigir a igreja sob todos os problemas.
Não pensemos que vamos a qualquer tribo querendo as mesmas credenciais apostólicas. Não! Pode ser que Deus possa realizar ali um grande milagre e opere grandes curas, mas isso não quer dizer que Deus deu a alguém o dom de curar. O contexto de Corinto e da época apostólica é totalmente distinto da nossa época. Então, esse dom de cura era uma revelação que Deus dava a alguém de discernir se aquela pessoa iria ser curada, ao “estilo” dos apóstolos. Nunca se viu Pedro gritando e “batendo na cabeça do demônio”, batendo com a Bíblia na cabeça dos enfermos etc. Pelo esforço que muitos fazem vemos claramente que eles não têm dom de cura. Mas um apóstolo dizia: “Levanta-te”. Esse era o dom de cura que trazia no momento uma grande revelação do poder de Cristo e o Senhor era anunciado através disso. Então, todo e qualquer movimento de cura que seja um fim em si mesmo e destituído de Cristo, de anunciar Jesus, não tem nada a ver com o dom da igreja de Corinto.
Quando Paulo fala que o dom tem um fim proveitoso, ele não está dizendo que é um fim proveitoso para mim, mas para Igreja e para revelar Cristo. Por isso nenhum dom é considerado dom do Espírito se ele não revela Cristo. Vemos isso no v.3 de 1 Co.12 - “Por isso vos faço compreender que ninguém que fala pelo Espírito de Deus afirma: Anátema, Jesus! Por outro lado, ninguém pode dizer: Senhor Jesus!, senão pelo Espírito Santo”. Qual é a maior evidência da presença do Espírito? É a presença de Cristo e sendo Ele formado em vós. Onde se dá a maior presença do Espírito? Onde as pessoas têm praticamente os mesmos princípios de Jesus, a mesma vida de Cristo, a mesma santidade. Quanto mais esta pessoa se torna parecida com Cristo mais evidência há de que o Espírito habita nessa pessoa.
Paulo diz que os dons espirituais não garantem isso porque a Igreja de Corinto estava cheia de problemas, cheia de pecados; uma igreja tremendamente problemática, carnal, cheia de criancice, mas tinha os dons espirituais. Posteriormente, Paulo irá dizer que o princípio regulador da presença do Espírito é o amor (Cap. 13).
5. Operações de milagres. Será que existem pessoas com este dom nas igrejas hoje? Já se ouviu de alguém que tem poder de multiplicar pães, de andar sobre as águas? Alguém que levante as mãos para o céu, enquanto a seca no sertão está forte, a lavoura está sendo dizimada, e a água caia inundando tudo? O dom de milagre é um agir contra a própria natureza. A que se chama de milagre hoje? As curas. Mas estes milagres são dádivas que Deus dá e que são um dom-sinal. Na verdade, a idéia de sinal está presente na era apostólica porque ele tendia a focalizar a Cristo para que o fundamento doutrinário dos apóstolos fosse estabelecido. Por isso havia necessidade destes sinais. Mas quando falei que o dom de língua é um dom-sinal é porque Paulo distingue todos os outros dizendo que “línguas” era um sinal para o judeu incrédulo. Observe que em Atos cap. 2,10 e 19, os encontros são sempre entre gentios e judeus. Não se vê “línguas” num contexto puramente judaico. E em Corinto está um exemplo disso, pois ali está uma igreja mista. Para eles o dom de línguas se constituía um sinal porque marcava esta passagem do povo que é rejeitado e do povo que é enxertado na oliveira. Esse povo, agora, na sua própria língua, fala das grandezas de Deus que era tão somente falada na língua do povo judeu. Este é o sinal, sinal de que Israel agora não é mais aquele povo que Deus tratava no V.T., mas agora trata Israel como uma nação incrédula porque rejeitou a Cristo. Qual a prova disso? Quando um judeu visse e ouvisse o gentio falando do evangelho na sua própria língua. Para isso ele teria que compreender a própria língua do gentio. Quando percebesse isso certamente abriria os olhos e diria: Mas a revelação não era só nossa, e como agora os gentios compartilham da mesma revelação?
Certo autor americano (Dr. Palmer Robertson) escreveu um livro com este título: “Línguas: Sinal de Bênção ou Maldição?”. Tudo porque “línguas” no primeiro século, para o judeu era sinal de maldição. E isto que Paulo está tentando trazer. Porque a igreja de Corinto está tão interessada em falar em línguas? Paulo diz: “irmãos, porque vocês estão tão interessados num dom que é um sinal, que serviu à nação judaica como sinal de juízo” (1 Co.14:21-22; Is.28:11,12).
Mas Paulo não está desestimulando a igreja para com o dom de línguas, pois naquela época este dom era necessário. Paulo não diz para os coríntios abandonarem o dom de línguas. Quando lemos esta expressão “procurai com zelo os melhores dons”, não entendamos que estes dons devem ser buscados e procurados. Esta tradução é uma má tradução do grego, pois no grego a palavra é “zelai ardentemente”. Paulo está dizendo: “irmãos, zelai ardentemente os melhores dons”. Mas porque Paulo usa a palavra “melhores”. Será que há dom melhor que outro? Não é isso. A idéia de “melhores”, aqui, é que em Corinto o melhor dom seria profecia porque até o momento o dom de línguas, que era conhecido do povo, era um dom que ninguém entendia (1 Co.14:2) e precisava de interpretação (v.5); um dom que estava sendo usado para edificação própria (v.4), que não falava a homens para edificação(v.2). Mas este dom não era para os homens? Se este dom não fosse para falar a homens não precisava de dom de interpretação. Se não fosse para homens, deveria ser
deixado de forma ininteligível. Mas dom de línguas foi para os crentes da época de Corinto, pois de outra forma o judeu não entenderia. Como seria um sinal para o judeu incrédulo? O dom de línguas tinha de comunicar alguma coisa.
Então, a palavra no grego “zelar ardentemente” significava manter alguma coisa funcionando bem. E como um carro que precisa de manutenção para manter a qualidade e funcionando bem. Este é o contexto de 1Co. Ali os dons espirituais não estavam funcionando bem. Por isso é necessário Paulo escrever 1 Co. 12,13,14, pois os dons em Corinto eram um problema. Paulo, então, diz: Vocês têm de zelar por estes dons e têm de ser os melhores (profecia) porque vocês estão precisando urgentemente de doutrina, precisam de revelação, a “coisa está frouxa”.
Paulo diz (1 Co.1): “Segui o amor e procurai, com zelo, os dons espirituais (zelai ardentemente) ...“. A palavra “segui”, no grego é “persegui”. Paulo está dizendo que eles deveriam perseguir o amor que estava faltando e zelar pelo que já tinham (os outros dons). Uma coisa tem de ser perseguida e a outra tem de ser zelada porque já está presente. Este é o sentido do texto.
Analise todo o texto no grego e não encontrará esta idéia de se procurar dom. Paulo diz que o dom é soberano, é algo que é dado, que vem da graça.
6. Profecia. “A outro profecia”. Esta profecia era a pregação da Palavra de Deus sem nenhum estudo; sempre era o pregador que doutrinava a Igreja. Um tinha a palavra de sabedoria que orientava a igreja que precisava conhecer várias coisas; o outro era o dom de conhecimento que trazia grandes revelações sobre grandes doutrinas, sobre Cristo, Sua encarnação, etc. E o profeta era o “pregador” que pregava de tal maneira que Cristo fosse formado no povo, mas um “pregador” sem qualquer esboço neotestamentário, ou seja, a sua pregação era praticamente uma nova revelação que Deus dava ao povo. Então o povo tinha sabedoria para saber como ser orientado na vida. Mas naquela época não era como hoje se vê, uma espécie de cartomante. O profeta de hoje geralmente (o que diz ter dom de profeta) fala para as pessoas na igreja: “Meu servo, minha serva, você vai casar com fulano ou com beltrano...”. O interessante é que os dois dons mais problemáticos hoje são exatamente o de profecia e línguas e as pessoas procuram o profeta como um pagão procura uma cartomante para resolver seus problemas. Mas era assim em Corinto. O profeta naquela época era um pregador; um grande doutrinador que trazia à igreja uma palavra de revelação no contexto da nova aliança— isso o povo não conhecia. A diferença entre este dom de profeta e o dom da sabedoria era que o dom da sabedoria em certo aspecto era como o livro de Provérbios sendo aplicada no N.T. em que Cristo deve ser formado na vida das pessoas. E todo princípio que regula a vida espiritual do povo de Deus em relação a estas questões de vida espiritual tem de ser orientado em cima desta palavra “sabedoria” que era revelada. E diferente do dom da ciência, ou seja, os grandes mistérios, as grandes doutrinas da Nova Aliança que são trazidos e o profeta é aquele que prega para o povo. O profeta pregava sem nenhum esboço neotestamentário que é usado pelo ministro de hoje que pega um texto e usa-o para a pregação e edificação do povo. Mas naquela época o pregador usava o que? Podia usar o VT? Sim, mas as palavras que ele ia falar eram palavras reveladas porque aquelas verdades do VT teriam de ser enquadradas, ou até mesmo usadas pelo Espírito de Deus para que falassem sobre Cristo e isso sem um esboço neotestamentário.
7. Discernimento de Espírito. Não é discernir se uma pessoa está possessa ou não; se a pessoa está com espírito bom ou mau, não! E exatamente aquele dom que Deus deu para que o irmão julgasse a doutrina e a edificação da igreja. Nós vemos profetas sendo julgados. Não só os profetas eram julgados, mas também qualquer revelação trazida no contexto místico de Corinto. Sem o Novo Testamento a igreja não poderia caminhar com discernimento de espírito; sem ele a igreja estaria com as portas abertas para qualquer heresia. A cidade de Corinto um centro da filosofia clássica, semelhante à Alexandria de onde saíram os pensamentos de Clemente, Orígenes, que eram coisas estranhas à sã doutrina. Em Corinto encontramos um pensamento doutrinário que em muitos casos era praticamente um “casamento” da teologia com a filosofia. E neste contexto que se fazia necessário Deus levantar pessoas com dons espirituais para julgar e edificar a igreja. Os ministros e presbíteros hoje julgam, mas julgam a partir do que há na Bíblia completa. Mas naquela época como poderiam julgar os problemas doutrinários da igreja sem o Novo Testamento? Em 1 Co.12:10 vemos esta expressão “discernimento de espírito” que parece sem sentido, mas no grego é “julgar”, “julgamento de espírito”. E um juízo que é trazido (v.10). É um julgamento entre duas coisas — distinção. E, na verdade, julgara espírito. Esse irmão que tinha este dom era na verdade um juiz na igreja com respeito à doutrina na igreja.
8. Variedade de línguas. Mas que línguas são essas? O texto é muito claro que estas línguas não são línguas ininteligíveis. Por quê? Veja o nome do dom: “variedade de línguas”. Não é dom de língua e sim variedade de línguas. O que é uma variedade? Se você coloca no cesto vários tipos de laranjas estes tipos são diferentes e logo identificados: há uma variedade de laranjas. Só posso dizer que há uma variedade se eu consigo distinguir. Paulo está dizendo que há irmãos que têm o dom de variedades de línguas. Mas como Paulo poderia dizer isso se elas fossem ininteligíveis? Não poderia. Se for ininteligível como posso saber se é alemão, russo, inglês, francês... Não dá para saber. Se eu falasse cinco dialetos e os irmãos não entendessem esses dialetos, poderíamos dizer que há variedade? Variedade implica em que o dom de línguas não fossem línguas ininteligíveis, mas fossem várias línguas que uma pessoa tinha a capacidade de falar. Se fosse uma língua estática, sem sentido, Paulo certamente não diria “variedade de línguas”, porque fugiria até o propósito. Portanto são idiomas e podemos também concluir isso pelo que Paulo diz: “capacidade de interpretá-las”. A palavra grega para “interpretá-las” é a mesma para “traduzir”.
Em 1 Co. 14:26 lemos: “Que fazer, pois, irmãos? Quando vos reunis, um tem salmo, outro, doutrina, este traz revelação, aquele, outra língua, e ainda outro interpretação. Seja tudo feito para edificação”. Estes dons estão no contexto de revelação, são revelacionais, comunicam doutrina. As línguas também trazem revelação e doutrina. Observem que onde há língua, há interpretação. Não pode haver língua sem interpretação pois é contrário ao que Paulo ensina. Para que serve língua sem interpretação? Paulo diz que não tem fim proveitoso (v.6). Por isso a igreja não devia proceder assim. A igreja precisava disso para ser edificada.
O problema do povo de Corinto era que eles não davam importância ao dom de profetizar e por isso Paulo recomenda que eles “zelem com ardor” (“procurai com zelo”) o dom de profetizar (1 Co.14:39). Por que eles agiam assim? É bom lembrar que possivelmente a língua que eles falavam era um idioma pagão. Corinto estava inserida num mundo pagão, sua geografia era propícia a isso, e ali passava uma grande quantidade de pessoas de várias nacionalidades, era uma cidade portuária. Vejam que a Igreja mais problemática era a de Corinto.
A igreja era edificada dessa forma no primeiro século. A pergunta que temos de fazer é: Agora, na nossa época, os dons espirituais têm a mesma finalidade que tinham no primeiro século? A resposta é, não! Por quê? Porque o que a igreja conhece hoje é tudo através da Palavra. Nunca ouvimos que um profeta tenha trazido uma nova revelação necessária à igreja hoje. Os que têm surgido são para profetizar sobre a segunda vinda de Cristo e todos caíram no mesmo erro. Mas nenhuma doutrina foi trazida aos dias atuais, nenhuma grande revelação foi trazida por profetas nos dias de hoje. Os que ousaram fazer isso foram taxados de falsos profetas ou de mentirosos. Por quê? Porque, hoje, todo conhecimento que a igreja tem de doutrina e revelação está na Palavra escrita. Já ouviram de alguém na igreja que tenha o dom de sabedoria semelhante ao de 1 Coríntios? Não há, porque a sabedoria que for anunciada é toda retirada das Escrituras. E se os dons espirituais, hoje, trouxerem revelação como traziam em Corinto, Paulo diz: “Seja anátema”. Ele mesmo disse que se ele próprio pregasse outro evangelho, outra revelação, que fosse considerada anátema.
Se hoje alguém traz revelação nova, a igreja não pode aceitar; se ele traz a mesma revelação da Palavra, eu prefiro o que já está na Palavra. Cheguei à conclusão que “profeta” para os dias de hoje (como eram os profetas do passado) é uma necessidade para os irmãos que são preguiçosos, que não querem ler e estudar a Bíblia. Porque as profecias que os “profetas” trazem, ou são para revelar um problema das suas próprias vidas (e que não era este o contexto de Corinto) ou revelar problemas dos outros. Isso não quer dizer que esta pessoa tenha este dom profético, porque a igreja hoje não necessita destes dons para focalizar Cristo. Estes antigos modos de revelação de Cristo cessaram. A prova disso está em 1 Co. 13.
Moisés Bezerril é professor no Seminário Presbiteriano do Norte em Recife; Mestre em Teologia Sistemática pelo Centro de Pós Graduação A. Jumper (SP) e Ministro Presbiteriano.
Fonte: Revista Os Puritanos – ANO IX – No 04 – Outubro/Novembro/Dezembro 2001. Editora Os Puritanos – Páginas 26-31.


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O Porquê dos Dons Extraordinários, Sinais e Maravilhas



Introdução

Por causa da natureza do homem ser pecaminosa, por ter um coração enganoso e por Satanás sempre ter o desejo de usurpar para si mesmo o que é devido a Deus, os dons extraordinários estão freqüentemente mal entendidos. Há grande destaque e procura dos dons extraordinários por vários grupos religiosos como se os dons extraordinários estivessem necessários para adoração a Deus. Espero que este breve estudo do assunto auxilie aquele que deseja manejar bem a Palavra de Deus.


Os Sinais, Milagres e Dons Extraordinários e a Glória de Deus - Deus é soberano e faz tudo segundo a Sua vontade (Ef. 1.11, “Nele, digo, em quem também fomos feitos herança, havendo sido predestinados, conforme o propósito daquele que faz todas as coisas, segundo o conselho da sua vontade”; Sl. 115.3, “Mas o nosso Deus está nos céus; fez tudo o que lhe agradou.”; 135.6, “Tudo o que o SENHOR quis, fez, nos céus e na terra, nos mares e em todos os abismos.”). Deus tem um único propósito: Tudo deve redundar para a Sua glória (Ap. 4.11; Rm. 11.36; Is. 48.11, Por amor de mim, por amor de mim o farei, porque, como seria profanado o meu nome? E a minha glória não a darei a outrem.”). Deus nunca muda, por isso os sinais, maravilhas e dons extraordinários devem sempre glorificar Deus.


Os Sinais e os Dons Extraordinários e Cristo – Cristo é “Deus Conosco” (Mt. 1.23), a imagem do invisível (Cl. 1.15), e o resplendor da Sua glória (Hb. 1.3). Por isso a correta percepção dEle é de grande importância.


Para que Jesus fosse crido como o Messias prometido, Deus autenticou a Sua Pessoa e obra pelos dons extraordinários (Jo. 2.11, “Jesus principiou assim os seus sinais em Caná da Galiléia, e manifestou a sua glória; e os seus discípulos creram nele.”; Jo. 5.36, “Mas eu tenho maior testemunho do que o de João; porque as obras que o Pai me deu para realizar, as mesmas obras que eu faço, testificam de mim, que o Pai me enviou.”; At. 2.22, ‘Homens israelitas, escutai estas palavras: A Jesus Nazareno, homem aprovado por Deus entre vós com maravilhas, prodígios e sinais, que Deus por ele fez no meio de vós, como vós mesmos bem sabeis;”).


Podemos entender que um dos propósitos dos sinais e os dons extraordinários é autenticação.
O Salvador que Deus autenticou com sinais é o seu Salvador? Não há nenhum outro nome pelo qual devemos sermos salvos do que Aquele que foi autenticado por Deus com sinais especiais (At. 4.12). Tenha certeza que você esteja em Cristo!


Saiba isso: Deus já autenticou a pessoa e obra de Seu Filho ao mundo e fez com que isso fosse escrito pelos homens santos escolhidos para receber o Seu sopro. Tendo aquilo sido autenticado por Deus, preservado no escrito, há necessidade em autenticar Cristo ainda hoje pelos dons extraordinários?


O necessário agora é buscar a graça de Deus para obedecermos toda Palavra de Deus e para pregarmos Cristo a toda criatura. Não espere pela profecia já cumprida pois ela não vai ser repetida. Apressa-se a pregar a toda criatura o que já foi autenticado, ou seja, declarar que a salvação está na pessoa de Cristo!


Os Dons Extraordinários e Satanás - O primeiro pecado foi por causa do querubim “ungido para cobrir” elevar-se no seu coração dizendo: “Eu subirei ao céu, acima das estrelas de Deus exaltarei o meu trono, e no monte da congregação me assentarei, aos lados do norte. Subirei sobre as alturas das nuvens, e serei semelhante ao Altíssimo” (Is. 14.12-19; Ez. 28.11-19). Querendo ser semelhante a Deus O desonra da Sua glória e Soberania. Essa mesma atitude será outra vez vista durante a Tribulação quando o “homem do pecado, o filho da perdição” “se levanta contra tudo o que se chama Deus, ou se adora; de sorte que se assentará, como Deus, no templo de Deus, querendo parecer Deus.”, II Ts 2.4. Para este finalidade este “filho da perdição” usará dons extraordinários também (II Ts. 2.9; Ap. 19.20). Serão para comprovar e confirmar a sua mentira.


Considerando os dons extraordinários de Cristo e os de Satanás podemos resumir que os dons extraordinários são simplesmente para comprovar e confirmar. Deus os usou para ser crido que é o Verdadeiro de Deus e Satanás os usará para comprovar diante do mundo que ele deve ser honrado no lugar do Verdadeiro.


Depois de estar completo o cânon com tudo o que Deus quis autenticar e comprovar pelos dons extraordinários qual razão deveremos esperar mais sinais dEle? É aviso sério que existirão sinais e prodígios feitos por Satanás para enganar o mundo. É triste pensar que entre os dons extraordinários que ainda serão expostos muitos serão feitos por Satanás.


Os Sinais, As Maravilhas e a Imutabilidade de Deus – Quando o assunto da cessação dos dons extraordinários é tratado, a imutabilidade de Deus é questionada. A referência de Hebreus 13.8 (“Jesus Cristo é o mesmo, ontem, e hoje, e eternamente.”) é logo citada. Com esse versículo muitos querem provar que aquilo que Deus fez no passado Ele faz hoje ainda. É verdade que a mesma razão que Deus usou os sinais e os dons extraordinários no Velho Testamento é a mesma razão que Ele os usou no Novo Testamento. Quando Deus cura, faz milagres ou de outra forma se manifesta, Ele o faz para comprovar e confirmar a Sua divindade e para exaltar o Seu filho Jesus Cristo para a Sua glória. Deus não mudará desta razão.


Todavia Deus pode variar o método usado para operar entre os homens sem ferir a Sua essência. Trocando o Seu método não indica mudança na Sua natureza divina. Por exemplo: Ele pode usar uma vara ou uma serpente de metal para confirmar a Sua mensagem ou comprovar que um servo é dEle sem mudança da Sua própria essência.


Deus pode alterar os Seus modos de procedimento para manifestar as Suas obras especiais e não ser menos do que imutável. Ele pode usar o Tabernáculo por umas centenas de anos para habitar no meio do Seu povo (Êx. 25.8) e depois pode usar o Templo para o mesmo propósito. Se Ele decidir não usar o Tabernáculo nem o Templo para manifestar a Sua glória, mas quer usar a pregação do Seu Filho pela Sua igreja, Ele pode (Ef. 1.22-23; 3.20-21). Fazendo assim continuará sendo tão Deus quanto antes.


Empregando modos diferentes de operações para fazer a Sua vontade não fere em nada a Sua imutabilidade. Deus pode enviar o Seu Espírito Santo para comprovar que certos homens têm a Sua mensagem como fez no Velho Testamento e depois descontinuar tal maneira de comprovação. Sem tornar-se menos Deus Ele pode começar a enviar o Seu Espírito Santo para habitar plena e eternamente nos homens escolhidos por Ele como fez no Novo Testamento.


Se Deus quer glorificar-se a Si mesmo através de um homem vestido de peles e comendo gafanhotos, e depois, deseja manifestar-se a Si mesmo através da conversão de um fariseu, um hebreu de hebreus que foi criado aos pés de um respeitado mestre, Deus tem toda a liberdade. Porém, mudando os instrumentos que Ele capacita não implica uma mudança na Sua divindade.
Também, se Deus usa um jumento para falar a um dos Seus profetas nem por isso é obrigado a fazer com que todos os jumentos falem a todos os Seus mensageiros. Fazendo um caminho pelo Mar Vermelho para que Seu povo atravesse em terra seca não obrigada Deus a abrir caminho em todos os rios para Seu povo atravessar em terra seca sempre quando houver perigo. Deus fazendo as Suas obras de uma forma em uma época qualquer pode não repetir as mesmas em outra época e continuar sendo imutável.


Deus continuará sendo soberano, onipotente, e imutável mesmo que as maneiras que Ele usa para comprovar a Sua divindade e confirmar a Sua mensagem e mensageiros variam.
Deus já autenticou, confirmou e colaborou firmando a Sua verdade. Depois disso Ele fez com que tudo fosse escrito pelos homens santos escolhidos para receber o Seu sopro. Tendo tudo sido autenticado por Deus, já preservado no escrito, qual razão há para os dons extraordinários ainda existir hoje?
As Maravilhas e o Velho Testamento – O Escritor de Hebreus nos informa que antigamente Deus falou muitas vezes e de muitas maneiras aos pais. Uma das maneiras que Deus falou aos pais foi pelos sinais e maravilhas. Assim foi com os patriarcas (Noé e o Arco de Deus - Gn. 9.12-17, v. 13, “O meu arco tenho posto nas nuvens; este será por sinal da aliança entre mim e a terra.”; Na vocação de Moisés - Ex. 4.1-9, vs. 4-5, “Então disse o SENHOR a Moisés: Estende a tua mão e pega-lhe pela cauda. E estendeu sua mão, e pegou-lhe pela cauda, e tornou-se em vara na sua mão; Para que creiam que te apareceu o SENHOR Deus de seus pais, o Deus de Abraão, o Deus de Isaque e o Deus de Jacó.”; A Entrega da Lei - Ex. 19.10-20; Josué e Jericó - Js. 2.9-11, v. 11, “11 O que ouvindo, desfaleceu o nosso coração, e em ninguém mais há ânimo algum, por causa da vossa presença; porque o SENHOR vosso Deus é Deus em cima nos céus e em baixo na terra.”); os juízes (300 de Gideão - Jz. 7.2-15, v. 15, “E sucedeu que, ouvindo Gideão a narração deste sonho, e a sua explicação, adorou; e voltou ao arraial de Israel, e disse: Levantai-vos, porque o SENHOR tem dado o arraial dos midianitas nas nossas mãos.”); os reis e faraós pagãos (Faraó – Ex. 14.27-31; Rm. 9.17); anjos (Balaão - Nm. 22.21-35) e profetas (Elias - Tiago 5.16-18). Ele usou artefatos (Serpente de metal - Nm. 21.8-9) e as construções (na entrega do Tabernáculo - Ex. 40.17-38; na dedicação do Templo – I Reis 8). O propósito dos dons sinais que Deus usou é para comprovar que Ele é Deus e confirmar a Sua mensagem e os Seus mensageiros. Logo entendemos o porquê dos dons extraordinários é colaboração, autenticação e confirmação.
Há grande perigo em não observar as verdades que Deus confirmou pelos dons extraordinários (Nm. 14.11-12, “E disse o SENHOR a Moisés: Até quando me provocará este povo? e até quando não crerá em mim, apesar de todos os sinais que fiz no meio dele? Com pestilência o ferirei, e o rejeitarei; e te farei a ti povo maior e mais forte do que este.”). Confia já em Jesus “homem aprovado por Deus entre vós com maravilhas, prodígios e sinais” (At. 2.22)? Se não crê nessa tão grande salvação, não espere por outra. Espere pela perdição que vêm a todos que rejeitem esse Cristo.


Saiba isso: Deus já confirmou a Sua divindade muitas vezes e por muitas maneiras aos pais no Velho Testamento qual a Sua mensagem e quais são os Seus mensageiros. Depois disso Ele fez que tudo fosse escrito pelos homens santos escolhidos para receber o Seu sopro. Tendo aquilo colaborado por Deus já preservado eternamente na bíblia qual razão existe para esperarmos mais confirmações ainda hoje?


Os Sinais e o João o Batista – O escritor de Hebreus nos informa também que nestes últimos dias Deus fala pelo Seu Filho (Hb. 1.1). Os sinais e os dons extraordinários comprovam que Cristo é Deus como também confirma a Sua mensagem e os Seus mensageiros. Jesus respondeu à pergunta de João o Batista quando seus discípulos quiseram saber da veracidade de Cristo ser o Messias: “ ... Ide, e anunciai a João as coisas que ouvis e vedes: Os cegos vêem, e os coxos andam; os leprosos são limpos, e os surdos ouvem; os mortos são ressuscitados, e aos pobres é anunciado o evangelho.”, Mt. 11.4-5. Os dons extraordinários serviram como comprovação da Sua posição de Messias. Claramente os dons extraordinários eram usados para comprovar a posição devida de Jesus Cristo e confirmar que a Sua mensagem era de Deus.


Deus já comprovou a posição de Jesus ser o Messias e que a Sua mensagem era de Deus. Não muito depois disso Ele fez que tal comprovação fosse relatada pelos homens santos escolhidos para receber o Seu sopro. Tendo tudo sido comprovado por Deus preservado para hoje nós lermos, qual razão existe para comprovar tudo outra vez pelos sinais?


Os Dons Extraordinários e os Apóstolos - Jesus escolheu Seus apóstolos. Ele os enviou para pregar ao mundo o Evangelho. Jesus os capacitou para esta finalidade com os dons extraordinários (Mt. 10.1-8). Depois de Jesus ser crucificado e ressurreto, o Espírito Santo veio fazê-los lembrar tudo quanto Jesus tinha dito a eles. Ele também veio ensinar-lhes o que Jesus quis dizer pelas palavras que tinha lhes dado. Ele assim os guiou em toda verdade (João 14.26; 16.13).


Os dons extraordinários foi o cumprimento da profecia de Jesus para com estes que creram nEle: Jo. 14.12, “Na verdade, na verdade vos digo que aquele que crê em mim também fará as obras que eu faço, e as fará maiores do que estas, porque eu vou para meu Pai.” O Senhor cooperou com estes que creram nEle especialmente e confirmou a Palavra deles com os sinais que lhes seguiram: Mc. 16.17-20 v. 20, “E eles, tendo partido, pregaram por todas as partes, cooperando com eles o Senhor, e confirmando a palavra com os sinais que se seguiram. Amém.”. Os dons extraordinários eram usados simplesmente para comprovar que estes homens eram de Deus e para confirmar que as palavras destes eram de Deus. Podemos afirmar: Comprovação é um porquê dos dons extraordinários.


Deus já confirmou com os apóstolos a Sua palavra (Mc. 16.20). Depois disso Ele fez que essa comprovação fosse escrita pelos homens santos. Tendo posto nas Escrituras o que Ele confirmou pelos apóstolos qual razão existe para ainda hoje aguardar os dons extraordinários?


Os Dons Extraordinários no Livro de Atos – O livro de Atos relata como os apóstolos cumpriram a ordem lhes dada. Este livro registra como Deus cooperou com eles confirmando com os sinais a palavra que pregaram como Ele disse que faria (Mc. 16.17-20). É interessante notar que estes dons extraordinários eram feitos somente pelos próprios apóstolos ou com aqueles com quais eles estavam ministrando (At. 2.43, “E em toda a alma havia temor, e muitas maravilhas e sinais se faziam pelos apóstolos.”; 5.12, “E muitos sinais e prodígios eram feitos entre o povo pelas mãos dos apóstolos...”; 8.6-8, v. 6, “E as multidões unanimemente prestavam atenção ao que Filipe dizia, porque ouviam e viam os sinais que ele fazia;”; 14.3, “... falando ousadamente acerca do Senhor, o qual dava testemunho à palavra da sua graça, permitindo que por suas mãos se fizessem sinais e prodígios.”; Hb. 2.4, “Testificando também Deus com eles, por sinais, e milagres, e várias maravilhas e dons do Espírito Santo, distribuídos por sua vontade?”). Pelos dons extraordinários serem operados na sua grande maioria pelos apóstolos, seus dons eram distinguidos como sinais do apostolado (II Co. 12.12). Entendemos então que o propósito dos dons extraordinários era para autenticar, colaborar ou confirmar que estes homens escolhidos por Deus eram de Deus e que falaram a Sua verdade.


A verdade confirmada pelos dons extraordinários é suficiente para você? O Evangelho pregado por eles é do Seu Salvador? Está buscando obedecer a Sua palavra pela qual Ele glorificou o Pai? Ou está procurando fazer maiores obras do que Ele?


Os Dons Extraordinários e o Dia de Pentecostes – Pedro explicou no dia de Pentecostes (At. 2.4-47) que o que acontecia naquele dia era o cumprimento de uma parte da profecia de Joel (At. 2.16-21; Jl. 2.28-32). Neste dia: O Espírito Santo foi derramado sobre toda a carne (At. 2.5-11, integrantes de todas as nações debaixo do céu disseram: “Temos ouvido em nossas próprias línguas falar das grandezas de Deus”). No dia de Pentecostes Pedro pregou Cristo (At. 2.22-36). Pedro não pregou dons, batismos, prosperidade, curas, etc. O Espírito Santo usou essa pregação de Cristo para convencer uma multidão dos seus pecados (At. 2.37). Estes perguntaram ao Pedro: “O que devemos fazer?” É importante entender bem a resposta de Pedro. Ele não respondeu: “Buscai os dons do Espírito Santo” ou “seja batizado pelo Espírito Santo”. Todavia, ele respondeu: “Arrependei-vos e cada um de vós seja batizado... e recebereis o dom do Espírito Santo” (At. 2.38-40).


É edificante notar que Pedro falou do dom (no singular) do Espírito Santo e não de dons (no plural) do Espírito. Isso por que no dia de Pentecostes o dom dado era o próprio Espírito Santo (At. 8.17, 20; 10.44-48; 11.17). A vinda da Pessoa do Espírito Santo cumpriu a profecia de Jesus que o Consolador viria logo depois da Sua ascensão ao Pai (Jo. 16.7; 14.26; 15.26; 16.13).


A partir deste dia o Espírito Santo veio trabalhar nos corações dos homens em larga escala publicamente (At. 2.39, “Porque a promessa vos diz respeito a vós, a vossos filhos, e a todos os que estão longe, a tantos quantos Deus nosso Senhor chamar.”)
Joel profetizou: “E há de ser que, depois derramarei o meu Espírito sobre toda a carne, ...” (Jl. 2.28). Assim o livro de Atos registra que o Espírito Santo veio “a vós”, os Judeus presentes em “Jerusalém” (At. 1.8; 2.39) no dia de pentecostes; “a vossos filhos”, os Judeus não presentes em Jerusalém, “em toda a Judéia” (At. 1.8; 2.39); “a todos os que estão longe”, os gentios que os Judeus consideram “longe” e pagão, “e Samaria” (At. 1.8; 2.39) no dia que Cornélio foi convertido (At. 10.44-46; 11.17-18); “a tantos quantos Deus nosso Senhor chamar”, os de toda tribo, toda nação, toda língua e toda família nos “confins da terra” (At. 1.8; 2.39; Ap. 5.9) algo cumprido quando Paulo foi a Éfeso (At. 19.1-7).


Joel profetizou: “E há de ser que, depois derramarei o meu Espírito sobre toda a carne, e vossos filhos e vossas filhas profetizarão, ...” (Jl. 2.28). Assim o livro de Atos registra Ágabo, Barnabé, Simeão e as quatro filhas de Felipe o Evangelista cumprindo uma parte dessa profecia (At. 11.28; 13.1; 21.9,10).


Joel profetizou: “E há de ser que, depois derramarei o meu Espírito sobre toda a carne, ... os vossos velhos terão sonhos, os vossos jovens terão visões.” (Jl. 2.28). Assim o livro de Atos registra: Ananias, Pedro, Paulo, João e outros, uns velhos e outros ainda jovens cumprindo outra parte dessa profecia (At. 9.10; 10.17; 16.9; 22.17; 26.19; 27.23).


A todos estes Judeus que estavam em Jerusalém naquela hora, depois aos seus filhos em outras cidades, aos gentios, a tantos quantos Deus chama pela Sua Palavra eficazmente, receberam o dom prometido por Jesus qual é o Espírito Santo. A promessa não era que todos receberiam todos os dons do Espírito Santo, mas que todos os que Deus chamar receberiam o próprio Espírito Santo. Os homens salvos e obedientes têm todo do Espírito Santo que podem jamais receber, pois o Espírito Santo é uma pessoa e Ele não é recebido por partes (Rm. 8.9, 16, v. 9, “... Mas, se alguém não tem o Espírito de Cristo, esse tal não é dEle.”).


Deus autenticou e colaborou com os dons extraordinários quando o Espírito Santo veio à toda carne. Tendo sido já confirmado e completamente relatado na Palavra de Deus, qual razão existe para buscar autenticação da presença do Espírito Santo ainda hoje pelos dons extraordinários? O fruto dEle deve ser presente na vida do cristão. Está na sua?


Os Dons Extraordinários e a Infância da Igreja – I Co. 13.8-11


O Dr. Félix Racy comenta essa passagem: O assunto é conhecimento. “Quando vier o que é perfeito ...”. Qual é o assunto? Conhecimento perfeito. O assunto é este, não a vinda de Cristo.
“Quando eu era menino, falava como menino, sentia como menino, discorria como menino, mas logo que cheguei a ser homem, acabei com as coisas de menino.”


Aqui está uma ilustração de coisas que se têm na infância, para dar lugar às coisas que vêem na maturidade. Na infância da Igreja, Deus usou de dons especiais do Espírito Santo: línguas, profecias, ciência. Mas eram dons verdadeiros. Nada de falsificação da parte do Espírito Santo. Ele produzia línguas de verdade, não falsas línguas. Mas mesmo estas coisas verdadeiras que eram dons do Espírito Santo na infância da Igreja, no começo da vida da Igreja, mesmo estes dons iriam dar lugar a uma revelação completa de um conhecimento perfeito: “Quando vier o perfeito, isto que é em parte será aniquilado”. Quando era menino eu agia como menino, agora que sou homem acabei com as coisas de criança.


Quem quiser ainda aqueles métodos que o Espírito Santo usou de revelação de Deus aos homens, está querendo voltar à infância da Igreja. Muitos querem repetir o Pentecostes hoje. Calvário não se repete. É uma vez para sempre. Assim Pentecostes também. E aqueles dons de línguas que se produziam não só na ocasião do Pentecostes, mas na ocasião em que Cornélio se converteu, na ocasião em que aqueles doze foram rebatizados, batizados de novo pelo apóstolo Paulo conforme nos diz o capitulo 19 de Atos, todas aquelas manifestações, eram da meninice da igreja. Agora a igreja está madura, e já tem o que é perfeito. Que é que faltava chegar como “perfeito” para a igreja? Qual era o próximo evento a esperar na época de Paulo? O assunto é conhecimento, não fujamos do assunto. O que faltava vir de perfeito era matéria de conhecimento. O que faltava vir? O Novo Testamento! A Bíblia completa!


Hoje a Bíblia está completa e temos o conhecimento completo, a perfeita revelação de Deus; porque procurar mais? Todos aqueles que estão procurando revelações fora da Bíblia estão dizendo, em outras palavras, que para eles a Bíblia não é suficiente, não é completa. Sim, porque se eu dissesse aos irmãos: “Eu tive um sonho, uma revelação. Atentem para o meu sonho, aquilo que Deus me mostrou, aquilo que Deus me revelou”, então eu estaria dizendo: “a Bíblia não é suficiente para os irmãos. Somem isso à Bíblia. Isso que eu tive de revelação de Deus acrescentem à sua Bíblia.” Viria um outro e diria: “Eu também tive um sonho. Acrescentem mais um à Bíblia.” Onde é que iríamos parar com essas revelações todas por aí? Onde caberiam as Bíblias que seriam escritas com todas as revelações que andam por aí, no espiritismo, e em certos cultos chamados evangélicos?


Agora que o conhecimento completo está conosco; agora que a igreja não é mais criança, qual razão existe para esperar que Deus voltará ao tempo da infância da igreja e usar os dons extraordinários para autenticar, colaborar e confirmar?


A Igreja, a Edificação e os Dons Extraordinários – I Co. 12-14. Os dons têm diversidade e são dados a alguns para serem úteis à edificação da igreja local e nunca para a grandeza daquele cristão que tem qualquer dom (I Co. 12. 4-12; 14.14, 19). O apostolo Paulo ensina a igreja local em Corinto que não há um batismo do ou pelo Espírito Santo, mas em e com o Espírito. Ele assim ensina que o Espírito Santo operou na salvação dos cristãos e trouxe estes a serem membros da igreja local pelo batismo na água e assim tornaram-se membros do corpo de Cristo (I Co. 12.13-27). Os dons extraordinários eram dados com exclusividade (I Co. 12.28-30) e eram temporários, ou seja, durante o tempo da infância da igreja (I Co. 13.8-11). Os dons extraordinários colaboraram com quem era o mensageiro de Deus e confirmaram a verdade revelada por este mensageiro.


Tendo tudo sido autenticado por Deus e preservado no escrito qual razão há para exigir que Deus faça tudo outra vez?


Os Sinais e A História - No Velho Testamento a saída do povo de Deus do Egito com sinais e o cumprimento de muitas profecias veio ser uma parte da história das operações de Deus. Também a peregrinação do povo de Deus por 40 anos no deserto, repleta de sinais e maravilhas, veio ser uma parte da história das operações de Deus. A entrada de Jesus no mundo com sinais e maravilhas veio ser uma parte da história das operações de Deus. Os sinais e maravilhas pelos apóstolos nos dias da iniciação do Evangelho fazem parte da história das operações de Deus. Também da mesma maneira o dia de Pentecostes com seus sinais e maravilhas veio ser uma parte da história das operações de Deus.


Os Dons Extraordinários e “Nestes Últimos Dias” – Hb. 1.1; 2.1-4. Deus fala nestes últimos dias pelo Filho. A mensagem da salvação foi confirmada aos que estavam com Jesus e ouviram as Suas palavras. Foi confirmado com eles pelos dons extraordinários (Mc. 16.14-20, “eles”; Hb. 2.3-4, “foi-nos depois confirmada pelos que a ouviram; testificando Deus com eles”). Esta grande salvação foi escrita e é preservada no cânon.


Tendo essa palavra completa (Ap. 22.18-19) a qual já foi confirmada pelos dons extraordinários, não temos necessidade outra vez de uma obra especial além das Escrituras para Deus comprovar a divindade de Jesus Cristo ou confirmar a Sua mensagem pelos Seus homens escolhidos. O que nos falta é a pregação zelosa de Cristo O Salvador, de arrependimento e a fé para a salvação e a obediência dessa Palavra de Deus diante toda criatura.
Tal grande salvação que principiou com o Senhor, confirmada por Deus pelos prodígios tem que ser crida pelos pecadores arrependidos! Se for ignorada não haverá outra salvação. Deus não poupou da perdição os anjos que cairiam. Todos que ignoram a salvação por Cristo conhecerão o mesmo fim. Arrependei-vos e creia no Evangelho!


Os que já pela fé conhecem tão grande salvação, têm a responsabilidade de obedecer a essa palavra e conformar-se à imagem de Jesus que foi autenticado pelos dons extraordinários e confirmado nas Escrituras.


O que devemos dizer dos que buscam os dons extraordinários e supostamente experimentaram-nos? Só podemos dizer que estão buscando o que já foi autenticado, comprovado, e confirmado. Portanto, é um exercício desnecessário. Além disso, estão desprezando o relatório inspirado por Deus que é completo. Podem ser enquadrados ou em Mt. 7.21-23 ou em Ap. 22.18-19.
O Espírito Santo é o Selo da salvação por Cristo e o “penhor da nossa herança” (Rm. 8.9; Ef. 1.13-14). O fruto do Espírito Santo é o comprovante de estar em Cristo (Gl. 5.22). Tem o fruto de uma pessoa salva?



Bibliografia:
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CRISP, Ron, Um Esboço do Estudo Sobre a Pessoa e Obra do Espírito Santo. Imprensa Palavra Prudente, Presidente Prudente, 2004.
EDGAR, Thomas R., The Cessation of the Sign Gifts., publicação na Internet: http://www.mountainretreatorg.net/articles/cessgifts.html
GILL, John, John Gill’s Expositor. Online Bible ver. 2.00.02, Jan 14, 2007.
MacArthur, John, The Temporary Sign Gifts – Miracles. Publicação na Internet: http://www.biblebb.com/files/MAC/sg1856.htm
RACY, Feliz, O Dom de Línguas. Estudo Bíblico publicado exclusivamente na Internet:www.palavraprudente.com.br/estudos/variosautores/micelanea/cap10.html
RUGH, Gil, A Review of the (Nine) Temporary Spiritual Gifts., Bible Discernment Ministries, 12/97, publicado na internet:http://www.rapidnet.com/~jbeard/bdm/Psychology/char/areview.htm
WILLIAMSON, Thomas, Você Recebeu o Batismo com o Espírito Santo?, publicado na internet:http://www.palavraprudente.com.br/estudos/thomas_williamson/miselania/cap01.html
Correção gramatical: Edson Elias Basílio, 09/2009
Autor: Pr Calvin GardnerFonte: www.PalavraPrudente.com.br